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Moscovo quer aprofundar laços económicos com a China como alternativa ao Ocidente

por Andreia Martins - RTP
Yuri Kadobnov - Reuters

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros disse na segunda-feira que Moscovo pretende focar-se no desenvolvimento de laços com a China. Sergei Lavrov acusa os países ocidentais de "russofobia" e adianta que o Kremlin está à procura de novos fornecedores de mercadorias, o que lhe permitirá depender apenas de parceiros "confiáveis" na Eurásia.

Durante uma sessão de perguntas e respostas num evento em Moscovo, o representante da diplomacia russa indicou que o país irá passar a depender apenas de países não vinculados ao Ocidente.

Numa crítica às sanções ocidentais que vigoram desde o início da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro, o MNE russo indicou que Moscovo “deverá deixar de depender, de todas as formas, do abastecimento do que quer que seja vindo do Ocidente, para garantir o desenvolvimento de setores criticamente importantes para a segurança, a economia ou para a esfera social da nossa pátria”.

Nesse sentido, Sergei Lavrov indicou que o objetivo da Rússia é agora aprofundar laços com a China. “Agora que o Ocidente assumiu uma posição de 'ditador', os nossos laços económicos com a China vão crescer ainda mais rapidamente. Além da receita direta para o Orçamento do Estado, esta é uma oportunidade de desenvolver o Extremo Oriente e a Sibéria Oriental”, considerou o responsável.

Em vez de importar mercadorias a partir do Ocidente, a Rússia pretende agora focar-se noutras zonas do globo. “O centro do desenvolvimento do mundo deslocou-se para a Eurásia. Neste momento, temos a mais extensa rede de parceiras na região da Eurásia. Temos de contar com eles para o futuro desenvolvimento do nosso país, nas suas capacidades de transporte, circulação e logística. Estou convencido de que este é o caminho certo”, afirmou.

O MNE russo considerou que Pequim tem à sua disposição tecnologias de informação e comunicação “que não são de forma alguma inferiores às do Ocidente”.

“Temos uma longa fronteira com a República Popular da China e vários interesses comuns a defender, como os princípios de justiça e multipolaridade nos assuntos internacionais”, acrescentou.
“Não conhecem a História”

Quando se completam precisamente três meses desde o início da “operação militar especial”, a Rússia diz que, a partir de agora, irá contar “apenas consigo própria e com os países que provaram ser confiáveis”, afirmou Sergei Lavrov.

“Os nossos parceiros ocidentais provaram, e não foi pela primeira vez, que são incapazes de negociar”, afirmou durante a iniciativa “100 Perguntas ao líder”.

“Se quiserem oferecer algo no sentido de retomarmos relações, vamos considerar seriamente se precisamos ou não”, afirmou Sergei Lavrov, segundo uma transcrição publicada no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Para o ministro russo, os líderes ocidentais que acreditam na derrota militar de Moscovo “não conhecem a História”.

“Os políticos ocidentais devem ter-se saído mal na escola. Tiram conclusões erradas na compreensão do passado e sobre o que é hoje a Rússia”, afirmou Lavrov, considerando ainda que estes mesmos países “serão forçados a admitir que é impossível atacar constantemente os interesses vitais da Rússia e dos russos”.

c/ agências
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