Movimento Democrático de Moçambique pede diálogo "sério" entre Governo e grupo dissidente da Renamo

por Lusa

O Movimento Democrático de Moçambique, terceira força política parlamentar no país, encorajou hoje o Governo e o líder dissidente da Renamo, Mariano Nhongo, a dialogarem para a paz, mas alerta para a necessidade de conversações sérias.

"Encorajamos para que se sentem e dialoguem, desde que não seja um diálogo demagogo", disse Daviz Simango, presidente do MDM, falando à margem do balanço anual das atividades políticas do seu partido na cidade da Beira, centro de Moçambique.

Em causa está o anúncio feito pelo líder da Junta Militar, na quarta-feira, em declarações à Lusa, dando conta da suspensão das emboscadas e ataques de viaturas nas estradas e aldeias do centro de Moçambique, para permitir o início, na segunda-feira, de negociações de paz com o Governo.

A Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo maior partido da oposição), liderada por Mariano Nhongo, antigo dirigente de guerrilha, é acusada de protagonizar ataques armados contra civis e forças governamentais em estradas e povoações das províncias de Sofala e Manica, centro de Moçambique, incursões que já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas desde agosto do ano passado.

Para o presidente do MDM, o importante agora é garantir que as duas partes se sentem e cheguem a um consenso que trave a guerra no centro de Moçambique.

"É importante que se faça um diálogo sério e que não saiam feridas neste processo", acrescentou.

Nas declarações de quarta-feira, Mariano Nhongo garantiu que vai enviar para a mesa de diálogo entre segunda-feira e quarta-feira a sua equipa de cinco homens para negociar com o executivo moçambicano, garantindo o seu compromisso com a paz.

Na terça-feira, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique capturaram três homens próximos do líder do grupo dissidente da Renamo, um dos quais era seu assistente de campo.

O grupo de Nhongo exige melhores condições de reintegração, a renegociação do acordo de paz de 2019 entre o Governo e a Renamo e a renúncia do atual presidente do principal partido da oposição, Ossufo Momade, a quem acusam de ter desviado o processo de negociação dos ideais de seu antecessor, Afonso Dhlakama, um líder histórico que morreu em maio de 2018.

O representante do secretário-geral das Nações Unidas em Moçambique, Mirko Manzoni, já havia anunciado que o grupo dissidente da Renamo se manifestou disponível para negociar.

Em outubro, o Presidente moçambicano decretou uma trégua na perseguição das Forças de Defesa e Segurança (FDS) à Junta Militar da Renamo durante sete dias, mas tentativas de aproximação para um diálogo fracassaram, com as duas partes a trocarem acusações.

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