MpD pede sacrifícios e que cabo-verdianos estejam preparados para o futuro

por Lusa

 O Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder em Cabo Verde, considerou hoje que o momento atual é "muito difícil" por causa do novo coronavírus, pelo que pediu sacrifícios aos cabo-verdianos, esperando que estejam preparados para o futuro.

"A situação é muito difícil, é uma crise sanitária, económica e social que o mundo e Cabo Verde atravessam e entendemos que é momento também de fazer um apelo a toda a nação cabo-verdiana para nos prepararmos para o futuro", disse a secretária-geral do MpD, Filomena Delgado.

A representante partidária falava à imprensa, na cidade da Praia, no final de um encontro com o Governo, que está a realizar audições para apresentar a proposta do Orçamento do Estado Retificativo para 2020, antes de seguir para o parlamento.

Filomena Delgado lembrou que o cenário que foi elaborado pelo Orçamento de 2020 mudou logo no primeiro trimestre do ano, tendo sido necessários investimentos para se responder à questão sanitária, proteção às empresas e apoios sociais.

"Todos temos de estar preparados, de uma forma positiva, para darmos a nossa contribuição. Entendemos que este é um momento difícil, mas que vamos ultrapassar com este orçamento e com o orçamento de 2021", perspetivou a secretária-geral do MpD, para quem o país tem de ter uma agenda para a recuperação económica e que esta só será feita com a participação de toda a sociedade.

Filomena Delgado disse que o MpD levou propostas para a formalização da economia, já que com a crise da covid-19 verificou-se que muitos trabalhadores informais, por exemplo, não estavam inscritos na segurança social.

"Penso que será uma lição que todos aprendemos desta necessidade", referiu a dirigente partidária, dando como exemplo as empregadas domésticas. 

Por outro lado, a secretária-geral do MpD salientou a importância da comunicação, para que os cabo-verdianos possam saber a situação do país, todos os números e dados "de uma forma concreta".

Além do primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, o encontro contou ainda com as presenças do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, e do ministro de Estado e da presidência do Conselho de Ministro e do Desporto, Fernando Elísio Freire.

O Governo iniciou na semana passada as audições com associações empresariais, partidos políticos e organizações da sociedade civil para apresentar a proposta do Orçamento do Estado Retificativo para 2020, antes de seguir para o parlamento.

Segundo o vice-primeiro-ministro, após estas consultas, a proposta será apresentada em Conselho de Concertação Social e, em finais de junho, levada à discussão e votação na Assembleia Nacional.

Um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde está dependente do turismo, mas devido à pandemia de covid-19 o país está fechado a voos internacionais desde 19 de março, com reflexos na atividade económica, quando cerca de 14.000 trabalhadores já se encontram em `lay-off` no arquipélago.

A economia cabo-verdiana deverá perder este ano 223 milhões de euros devido à pandemia de covid-19, o equivalente a mais de 11% do PIB do país estimado para 2020, segundo o Governo.

O Governo cabo-verdiano estimava para 2020 um PIB de 211.095 milhões de escudos (1.909 milhões de euros), mas cuja revisão aponta agora para 186.372 milhões de escudos (1.685 milhões de euros).

Cabo Verde regista 890 casos de covid-19, dos quais oito mortes, dois doentes foram transferidos para os seus países e 388 foram dados como recuperados pelas autoridades sanitárias.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 468 mil mortos e infetou mais de 8,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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