Muçulmanos reclamam que atropelamento em Londres seja considerado ataque terrorista

por Lusa

O atropelamento esta madrugada no norte de Londres que fez um morto e 10 feridos "é terrorismo", defendem testemunhas e pessoas que frequentam a área de Finsbury Park, alegando que foi um ataque dirigido à comunidade islâmica.

"É terrorismo. Há quem diga que é retaliação, mas eu acho que nos estão a aterrorizar. Não é a primeira vez que atacam muçulmanos", afirmou à agência Lusa Emma Salem, cuja tia se encontrava no local mas escapou ilesa.

O ataque aconteceu pela meia-noite, a mesma hora em Portugal, no final das orações da meia-noite do mês sagrado do Ramadão, num centro comunitário chamado Muslim Welfare House.

Segundo relatos de testemunhas, uma carrinha branca virou subitamente em direção à multidão que saia do edifício e atropelou intencionalmente várias pessoas.

Um proprietário de uma loja local, que não se quis identificar, relatou esta manhã a alguns jornalistas, entre os quais a Lusa, como assistiu à detenção do suspeito autor do ataque, um homem de 48 anos.

"Não mostrava quaisquer remorsos, tinha um olhar frio. Quando uma pessoa tem um acidente, fica em choque mas ele não. Tentou fugir e foi apanhado", contou.

Também Abdikarin Adam, que trabalha localmente e que frequenta o espaço, bem como a Mesquita do Norte de Londres, localizada a cerca de 50 metros de distância, não tem dúvida de que este foi um ataque terrorista.

"Estão a tentar dividir-nos, mas o terrorismo não tem cor. É muito triste, as pessoas tinham acabado de rezar, este é um bairro pacífico", comentou à Lusa.

Um dos sinais, referiu como o suspeito foi capturado e seguro até chegar a polícia, sem ter sido agredido.

Questionado sobre o seu estado de espírito, resumiu: "Em choque sim, com medo não".

Numa declaração posterior, à porta da residência oficial, em Downing Street, a primeira-ministra britânica, Theresa May, confirmou que o incidente está a ser tratado como sendo um ataque terrorista.

"É o segundo este mês e igualmente doentio como os anteriores. Mais uma vez, o alvo foram pessoas normais e inocentes que a fazer a sua vida normal - desta vez, muçulmanos britânicos que saíam de uma mesquita, depois do fim do jejum e rezavam juntos nesta época sagrada [do Ramadão]", denunciou.

"Hoje estamos unidos, como o fizemos antes, na condenação deste ato e declaramos mais uma vez que o ódio e a maldade deste género nunca vencerão", afirmou.

A chefe do governo confirmou que uma pessoa morreu no local e 10 foram feridas, oito das quais necessitaram de tratamento hospitalar e que um "homem branco foi detido com corajosamente" por populares.

Apesar de alguns relatos darem conta de três homens dentro da carrinha, May, que esteve reunida de emergência com responsáveis da polícia no Comité Cobra, disse que as autoridades pensam que o ataque foi levado a cabo por apenas uma pessoa.

A primeira-ministra garantiu que o policiamento na área, onde existe uma numerosa comunidade muçulmana, será reforçado para tranquilizar a população e a polícia vai avaliar necessidade de reforço junto às mesquitas, sobretudo nesta altura de fim de Ramadão, que termina no sábado.

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