Municípios brasileiros juntam-se para comprar vacinas

por Lusa
Os municípios brasileiros juntam-se para comprar vacinas Joedson Alves - EPA

Uma centena de responsáveis de capitais regionais e outras cidades no Brasil anunciaram a criação de um consórcio para a compra de vacinas contra a covid-19, que já fez 255.000 mortos no país.

"Infelizmente, o Brasil vive um dos momentos mais desafiadores desde o início da pandemia. Nós temos assistido no Brasil ao crescimento do número de casos leves e graves da covid-19", disse em comunicado o autarca de Recife, João Campos, um dos impulsionadores do consórcio, batizado de Frente Nacional dos Prefeitos (FNP).

"A ação mais efetiva que nós podemos fazer é uma vacinação com segurança e com velocidade para todos os recifenses. Por isso eu anuncio que nós firmamos a parceria com a FNP, a Frente Nacional dos Prefeitos, para fazer parte do consórcio que poderá adquirir vacinas para as cidades brasileiras", acrescentou.

A FNP deverá ser constituída legalmente a 22 de março, podendo os municípios aderir esta semana. O objetivo é chegar a um total de 412 cidades com mais de 80.000 habitantes.

A iniciativa soma-se a outras que procuram travar a segunda vaga da pandemia no país e exigir respostas do governo do presidente Jair Bolsonaro, um dos líderes mundiais mais céticos em relação à pandemia.Governadores contrariam Bolsonaro
As autoridades sanitárias dos 27 estados do Brasil pediram a imposição do recolher obrigatório noturno em todo o país, face ao colapso da rede hospitalar nas principais cidades do país, devido ao agravamento da crise sanitária.

Várias regiões tomaram já a iniciativa de adotar restrições mais apertadas que as determinadas pelo Governo, incluindo o encerramento do comércio não essencial e recolher obrigatório, como acontece em algumas cidades dos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia, Piauí e Paraíba, entre outros.

"Estamos agora com 93% de ocupação nos nossos leitos de terapia intensiva, e nada aponta para a melhora desse quadro. Por isso, estamos determinando a proibição das atividades não essenciais", indicou o governador do Pernambuco num vídeo divulgado pela imprensa local.

"Não é fácil e não gostaríamos de estar tomando decisões como essas. Gostaria sim, que todas as pessoas estivessem usando máscaras, mesmo aquelas que se consideram super-homens, se consideram jovens. Se não for por eles, pelo menos que seja pelas mães, pelo pai, pela avó. Eu fico me perguntando se as pessoas sozinhas decretaram o fim da pandemia", lamentou o governador da Bahia, Rui Costa.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, líder de uma extrema-direita negacionista, reagiu com duras críticas a essas medidas, considerando que agravarão a crise económica do país e afirmando que "o povo quer trabalhar" e "não ficar trancado em casa".

O país, que enfrenta o iminente colapso hospitalar, já ultrapassou as 255 mil mortes devido à covid-19, além de 10.587.001 casos positivos desde o início da pandemia.

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