A líder afastada do poder pelos militares, Aung San Suu Kyi, não era vista há praticamente um mês. Apareceu agora numa ligação vídeo, perante um tribunal, para responder a uma terceira acusação de que é alvo. A tensão, os protestos e os confrontos continuam nas ruas de Myanmar. Foi um domingo sangrento.
Aung San Suu Kyi foi acusada de mais um crime mas que, para já, desconhecemos. Isto porque a acusação teve como base o código penal da era colonial que proíbe a publicação de informações que possam "causar medo ou alarme" ou perturbar a "tranquilidade pública", disse ao The Guardian o advogado de defesa.
No dia 15 de março haverá uma nova audiência.
A antiga líder de Myanmar, deposta num golpe militar, já tinha sido acusada de posse de walkie-talkies importados de forma ilegal e de ter violado a Lei de Gestão de Desastres Naturais ao não cumprir as restrições relacionadas com o novo coronavírus.
Em caso de condenação, Suu Kyi ficará impedida de concorrer em futuras eleições que os militares já disseram que serão realizadas dentro de um ano.
O domingo ficou marcado por mais um dia de violência em Myanmar. Pelo menos 18 pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas.
As forças de segurança utilizaram munições reais contra a população para dispersar as manifestações, mas também granadas de atordoamento, balas de borracha e gás lacrimogéneo.
Uma operação que foi apoiada pelos militares.
São já várias as vozes internacionais contra a violência dos últimos dias no país. Estados Unidos, Reino Unido e Nações Unidas apelaram à comunidade internacional para que envie um "sinal claro aos militares de que devem respeitar o povo de Myanmar tal como expressado nas eleições e por um fim à repressão".