Em direto
Guerra no Médio Oriente. A escalada do conflito entre Irão e Israel ao minuto

Myanmar. ONG denuncia ocupação de hospitais pela força

por Mário Aleixo - RTP
Os militares estão a ocupar os hospitais em Rangum, a antiga capital e a cidade mais populosa do país Kaung Zaw Hein - EPA

Os militares birmaneses, que assumiram o controlo de Myanmar (antiga Birmânia) após o golpe de Estado de 1 de fevereiro, ocuparam à força pelo menos seis hospitais, denunciou uma organização não-governamental (ONG).

Os soldados invadiram no domingo à noite meia dúzia de hospitais em Rangum, a antiga capital e a cidade mais populosa, e também ocuparam outros centros de saúde nas cidades de Mandalay, Monywa e Taunggyi, disse num comunicado a ONG Médicos para os Direitos Humanos.

A ONG sublinhou que a ocupação de hospitais é uma violação do direito internacional e "apenas serve para minar ainda mais um sistema de saúde já sitiado pela pandemia da covid-19".

Myanmar vive debaixo de um enorme movimento de desobediência civil que apela ao regresso à democracia, ao respeito pelos resultados das eleições de novembro e à libertação dos políticos eleitos, incluindo a líder deposta, Aung San Suu Kyi.

Os trabalhadores da saúde foram dos primeiros setores a iniciar este movimento de oposição contra os militares.

"Embora o pessoal médico tenha deixado os seus postos para iniciar o movimento de desobediência civil, muitos voltaram aos hospitais em resposta à escalada da violência contra manifestantes pacíficos", disse uma epidemiologista do Centro de Saúde Pública e Direitos Humanos da Universidade Johns Hopkins, Sandra Mon.

"Este cerco aos hospitais segue-se a vários dias de baixas e ferimentos em civis, significativos, e pode ser interpretado como uma tentativa direta de impedir as pessoas de aceder aos cuidados médicos. É também uma ameaça para os médicos deixarem de tratar os manifestantes feridos", insistiu Mon.
Situação delicada
Pelo menos 54 pessoas morreram desde a revolta militar, a maioria baleada pelas forças de segurança, afirmou a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP) na Birmânia.

Espera-se que dezenas de milhares de birmaneses sigam esta segunda-feira o apelo a uma greve geral em todo o país, em resposta ao golpe, e continuem as manifestações pacíficas que começaram em Myanmar após a revolta.

Os militares estão a tentar intimidar a população com ataques noturnos em Rangum, incluindo detenções arbitrárias e espancamento de civis.

A junta militar defendeu a ação das autoridades e a polícia assegurou que "as forças de segurança atuam contra os distúrbios de acordo com a lei" e tentam "minimizar os ferimentos", noticiou o jornal pró-governamental The Global New Light of Myanmar.

O jornal, desde o golpe militar, também publicou uma série de fotografias e textos onde se assinala que os militares colaboram em tarefas médicas em vários hospitais do país.

O exército justificou a tomada do poder com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro, em que os observadores internacionais não detetaram qualquer manipulação e em que a Liga Nacional para a Democracia, o partido liderado por Suu Kyi, venceu com ampla vantagem, tal como já tinha sucedido em 2015.

c/ agências
Tópicos
pub