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Navalny enfraquecido denuncia em tribunal sistema judicial russo

por Cristina Sambado - RTP
Reuters

O principal crítico do Kremlin, que apareceu ao público pela primeira vez desde que colocou um ponto final na greve de fome, denunciou o sistema judicial russo. A equipa de advogados revelou que Alexei Navalny enfrenta novas acusações.

Alexei Navalny apareceu no tribunal - através de uma ligação pela internet- com a cabeça rapada, um aspeto abatido e mais magro, mas em tom desafiador.

Rejeitou as acusações no processo separado de alegada difamação de um veterano da II Guerra Mundial, ao afirmar: “Exijo que as pessoas que assinaram e os promotores sejam levados à justiça criminal”.

Navalny iniciou uma greve de fome a 31 de março para exigir cuidados médicos adequados na prisão onde está detido. O opositor de Putin queixava-se de dores nas pernas e nas costas. A 23 de abril, depois de começar a receber gradualmente cuidados médicos, decidiu terminar a greve de fome.

Navalny, de 44 anos, está a cumprir uma pena de prisão por dois anos e meio por violações da liberdade condicional numa condenação anterior que para o opositor de Putin afirma ter motivação política.

Os apoiantes de Navalny revelaram que tinha sido aberto um novo processo por supostamente criar uma organização sem fins lucrativos que infringia os Direitos Humanos.
Restringidas atividades de apoiantes

Na terça-feira, a justiça russa impôs severas restrições à atividade do Fundo de Luta Contra a Corrupção (FBK) de Alexei Navalny, incluindo a proibição de publicar na internet, organizar manifestações ou participar em eleições.

O diretor do FBK, Ivan Jdanov, revelou nas redes sociais que um tribunal de Moscovo proibiu a organização de publicar conteúdos na internet, utilizar media públicos, participar nas eleições ou aceder a contas bancárias.

Previamente, o serviço de imprensa do tribunal de Moscovo tinha indicado ter “interditado certas atividades” do FBK, sem precisar os detalhes, e com o caso a ser julgado à porta fechada.

Em paralelo, as organizações com ligações a Navalny são ameaçadas de serem declaradas “extremistas” na sequência de um pedido nesse sentido emitido em meados de abril pelo procurador, e que poderá implicar a sua proibição na Rússia e a condenação dos seus colaboradores a pesadas penas de prisão.

Na segunda-feira, a justiça havia já ordenado a suspensão das atividades do FBK e das delegações de Navalny, através da Rússia. Estas estruturas anunciaram de imediato que terminariam as suas atividades na forma atual para proteger os seus colaboradores.

O FBK é conhecido pelos seus numerosos inquéritos que denunciam a corrupção nos círculos do poder na Rússia, e difundidos no YouTube. A publicação que obteve mais impacto, a acusar o Presidente Vladimir Putin de ter construído um sumptuoso palácio nas margens do Mar Negro, foi visionada 116 milhões de vezes.

As delegações de Navalny através do país têm publicado os seus próprios inquéritos e organizam campanhas pelo “voto inteligente” defendidas pelo opositor, destinadas a apelar à votação no candidato com mais hipóteses de derrotar quem é apoiado pelo Kremlin e independentemente da sua tendência política.

c/ agências
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