Navio com 230 migrantes continua à deriva no Mediterrâneo

por RTP
O barco com 230 migrantes, entre eles quatro crianças, aguarda há vários dias por uma autorização para atracar em algum porto seguro Hermine Poshmann - Lusa

O navio da organização não-governamental alemã Lifeline, com 230 migrantes a bordo, está desde quinta-feira no Mediterrâneo à espera que algum país o receba. Itália e Malta recusaram a entrada do navio. O eurodeputado português João Pimenta Lopes esteve a bordo.

Uma semana depois do caso do navio Aquarius, em que mais de 600 pessoas passaram vários dias em alto mar até o porto espanhol de Valência aceitar receber o navio, assiste-se a nova situação de impasse, desta vez do navio Lifeline.

O navio, que leva a bordo 230 migrantes, entre os quais quatro crianças, aguarda há vários dias por autorização para atracar em porto seguro, depois das rejeições de Itália e Malta.

Em declarações citadas pela agência Lusa, o porta-voz da ONG alemã, Axel Steier, afirmou que a situação a bordo “é calma” e que não há registo de feridos graves. No entanto, sublinhou que só dispõem de mantimentos até segunda-feira.“Não trazemos carne, só seres humanos”
As autoridades maltesas justificam que recusaram a entrada no navio porque este "não comunicou estar em situação de perigo". Acrescentam que a autorização não tem de ser obrigatória pelo facto de a embarcação se encontrar em águas próximas.

Malta adiantou que se limitará a “controlar” e a “proporcionar assistência a casos médicos urgentes ou a qualquer outra emergência”.

Itália, por sua vez, voltou a recusar a entrada de um navio de imigrantes, depois de ter igualmente rejeitado receber o Aquarius.

O ministro italiano do Interior Matteo Salvini deixou claro que o país não permitirá a entrada nos seus portos dos barcos das organizações que prestam assistência aos imigrantes no Mediterrâneo e inclusivamente ameaçou a tripulação do barco, de pavilhão holandês, com detenções caso tentem atracar em Itália.

A ONG alemã, que ajuda no transporte dos 230 migrantes resgatados da Líbia, lançou um apelo a Salvini: “Nós não trazemos carne a bordo, apenas seres humanos”.

A organização convida o ministro italiano do Interior a ir pessoalmente verificar que se trata de seres humanos que o Lifeline salvou de um naufrágio: “Venha ver. Será bem-vindo”.João Pimenta Lopes a bordo
O eurodeputado comunista passou a noite de domingo para segunda-feira entre os 230 imigrantes a bordo do Lifeline. Foi a quarta noite que passaram ao relento no convés do navio.

João Pimenta Lopes testemunhou na primeira pessoa as condições de quem ali se encontra. Em declarações à Antena 1, descreve que a maioria das pessoas já sofria de desidratação quando foi resgatada e mostra-se preocupado com o seu estado de saúde, dizendo que podem chegar a uma “situação muito complicada e de elevadíssimo risco”.

A organização alemã informou que receberam água potável, medicamentos e cobertores trazidos de Malta por outros dois navios humanitários alemães.
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