Netanyahu anula deslocação à ONU devido a situação política em Israel

por Lusa

Jerusalém, 18 set 2019 (Lusa) -- O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anulou a sua deslocação à Assembleia-Geral das Nações Unidas devido ao "contexto político" em Israel, indicaram hoje fontes oficiais à agência France Presse.

O anúncio ocorre um dia depois de eleições legislativas que não permitem distinguir um claro vencedor entre Benjamin Netanyahu e o seu rival Benny Gantz, ameaçando assim o futuro político do primeiro-ministro israelita, há uma década no poder.

De acordo com dados divulgados pelo jornal israelita Haaretz, contados 91% dos votos, a coligação centrista Azul e Branco de Gantz conseguiu 32 deputados, mais um do que o Likud (direita) de Netanyahu.

Em terceiro lugar aparece a Lista Árabe Unida (coligação de quatro partidos árabes israelitas) com 13 lugares, seguida do Israel Beiteinu (direita nacionalista secular, dirigido pelo ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman) com nove.

Nove é também o número de deputados conquistados pelo Shas (representante dos judeus ortodoxos sefarditas), enquanto o outro partido ultraortodoxo, o Judaísmo Unificado da Torah (judeus asquenazes), conseguiu oito lugares.

Aparecem depois o Yamina Yamina (aliança entre a direita e os sionistas religiosos criada para estas eleições e dirigida pela ex-ministra da Justiça Ayelet Shaked) com sete lugares, o Partido Trabalhista (centro-esquerda) com seis e a União Democrática (aliança de esquerda criada para estas legislativas, que junta o Meretz, o novo Partido Democrático de Israel do antigo primeiro-ministro Ehud Barak e o Movimento Verde) com cinco deputados.

O Knesset (parlamento) conta com 120 deputados, pelo que são necessários 61 para uma maioria absoluta, mas segundo os números disponíveis o bloco de Netanyahu com os seus aliados naturais (formações de direita e religiosas) só dispõe de 55 lugares e o de Gantz (esquerda e seculares) de 56.

A AFP indicou que já começaram as negociações entre diferentes partidos para formar um governo de coligação e evitar novas eleições.

Após as legislativas de abril, um resultado muito semelhante impediu Netanyahu de formar um governo e conduziu à realização da votação de terça-feira.

O presidente israelita, Reuven Rivlin, sublinhou a necessidade de formar um governo "o mais rapidamente possível" e o imperativo "de evitar uma terceira eleição".

Netanyahu deveria encontrar-se com o presidente norte-americano à margem da Assembleia-Geral da ONU, para discutir um possível tratado de defesa comum e "cimentar a aliança excecional" entre os dois países, nas palavras de Donald Trump.

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