Netanyahu interrogado por receber presentes ilegais

por RTP
O primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu, chega à reunião semanal do seu gabinete, dia 1 de janeiro de 2017. Gali Tibbon - Reuters

O primeiro ministro de Israel deverá ser interrogado pela policia esta segunda-feira sobre acusações de ter recebido presentes de empresários israelitas e estrangeiros.

De acordo com os jornais israelitas, estes ´presentes ilegais` ascendem a várias dezenas de milhares de dólares o que, a confirmar-se, poderá valer a Netanyahu uma acusação por ´abuso de confiança`.

Um segundo dossier, referido pelos media sem detalhes, poderá contudo indicar acusações mais graves, de corrupção.

A rádio pública afirma que Netanyahu aceitou responder à polícia tanto "quanto for necessário".

As grades da residência oficial do primeiro-ministro, em Jerusalém, foram cobertas de panos negros, aparentemente para garantir a discrição da chegada dos investigadores.

De acordo com a imprensa, o interrogatório deverá começar às 19h00 locais, 17h00 GMT.
Numa mensagem na sua página Facebook, o primeiro-ministro de Israel rejeitou todas as acusações e apontou o dedo a opositores políticos e a alguns media que querem "derruba-lo não por eleições como prevê a democracia" mas através de uma campanha contra ele.
As últimas sondagens indicam que, para os israelitas, Netanyahu permanece o homem mais capaz para dirigir o país, sem nenhum concorrente sério.

Já a lei israelita prevê que qualquer membro do Governo que seja objeto de uma acusação por corrupção tenha de se demitir.

Tanto o porta-voz da polícia como do gabinete do primeiro-ministro recusaram fazer qualquer comentário ou desmentido à agência France Presse.
Mão pesada contra corruptos
Entre a espada e a parede está também o procurador geral Avishai Mandelblit, acusado tanto por membros do gabinete de Netanyahu de ceder a pressões dos media para autorizar a polícia a interrogar o primeiro-ministro, como pela imprensa de fazer arrastar o caso por ter, durante meses, recusado dar luz verde ao interrogatório.

Oficialmente, o dossier resulta de oito meses de investigações conduzidas no mais absoluto segredo. De acordo com os media, o interrogatório de meia centena de testemunhas permitiu recentemente "registar um avanço decisivo".

Noutro caso, em novembro, o procurador-geral ordenou um inquérito a alegações de conduta irregular de alguém próximo de Netanyahu na aquisição de três submarinos alemães pelo Estado hebreu.O inquérito envolve personalidades como o Presidente do Congresso Judaico Mundial, Ronald Lauder, parente da fundadora do império de cosmética Estée Lauder. Foi interrogado pelos investigadores a 30 de setembro, quando foi a Israel para o funeral do antigo Presidente Shimon Peres.

O primeiro-ministro já reconheceu ter recebido dinheiro do magnata francês Arnaud Mimran, sentenciado em julho a oito anos de prisão num caso de burla em taxas de carbono no valor de 283 milhões de euros.

A justiça israelita tem mão pesada em casos de corrupção.

O antecessor de Netanyahu, Ehud Olmert, cumpre desde fevereiro de 2016, uma pena de 19 meses de prisão acusado de receber envelopes com dinheiro de um empresário norte-americano.

O atual ministro do Interior, Arye Deri, líder do partido ultra-ortodoxo Shass, foi condenado em 1999 a três anos de prisão por corrupção.

Já Avram Hirshson, um antigo ministro das Finanças, e Shlomo Benizri, antigo ministro da Saúde, foram igualmente condenados por corrupção, a cinco anos e cinco meses de prisão e a quatro anos de prisão, respetivamente.
Tópicos
pub