Novas rotas tornam combate ao tráfico de pangolins num quebra-cabeças

por Lusa

A escolha constante de novas rotas pelos traficantes de pangolins tem tornado o combate contra o comércio ilegal do mamífero mais traficado do mundo num quebra-cabeças para as autoridades, alertou um estudo hoje publicado.

Pelo menos 20 toneladas de pangolins são apreendidas anualmente no tráfico transfronteiriço, com os contrabandistas a utilizarem dezenas de novas rotas para o comércio ilegal, com objetivo deliberado de escapar às autoridades, indicou um estudo da Traffic, organização não-governamental que monitoriza o tráfico de produtos de animais selvagens, e da Universidade de Adelaide, da Austrália.

Apesar da proibição do comércio do pangolim, animal protegido pela Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas (CITES), as capturas do pequeno mamífero, cujas escamas são muito valorizadas, têm-se multiplicado nas florestas da Ásia e de África, com o tráfico a ser alimentado em particular pela procura na China, cuja medicina tradicional lhe atribui propriedades curativas.

Pelo menos 120 toneladas de pangolins, inteiros ou de partes do animal, foram confiscadas pelas autoridades entre 2010 e 2015, período analisado pelos autores do estudo.

Todos os anos são criadas não menos de 27 novas rotas para o tráfico daquele animal ameaçado de extinção, evidenciado a mobilidade dos contrabandistas.

"Tal ilustra com gravidade as quantidades fenomenais de pangolins vítimas de tráfico e a mobilidade dos traficantes que se adaptam rapidamente, provavelmente para reagir às iniciativas das autoridades", observaram os autores da investigação.

O estudo documentou 1.270 apreensões transfronteiriças de pangolins, envolvendo 67 países e territórios.

A maior parte do comércio ilegal de pangolins tem lugar na Ásia, com a China a figurar como o destino mais comum de grandes carregamentos de escamas de pangolim.

Uma apreensão recorde de pangolins foi efetuada em julho na China, com o confisco de quase 12 toneladas de escamas num porto da cidade de Shenzhen (sul).

Carregamentos de menor dimensão, contendo partes do corpo do mamífero, foram enviados para os Estados Unidos, mas as quantidades eram significativamente menores do que as que transitam por Ásia ou África, com a Europa a ser considerada um importante ponto de trânsito, de acordo com o estudo.

A carne delicada, os ossos e os órgãos do pangolim são populares entre os chineses e vietnamitas.

Curandeiros também usam as suas escamas de queratina -- o mesmo material do chifre de rinoceronte -- como um componente terapêutico, Além disso, na cultura tradicional africana, o pequeno mamífero também é conhecido por afastar o mau-olhado.
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