Novo Ambiente na Casa Branca

por Sérgio Alexandre - RTP

A chegada de Joe Biden à liderança dos EUA marcou uma profunda alteração ambiental na abordagem às questões do clima, relativamente às políticas seguidas pelo antecessor.

Depois de, num ato mediático cheio de simbolismo, ter destacado o regresso ao Acordo de Paris como uma das primeiras medidas do seu mandato, o novo Chefe de Estado emitiu ontem um pacote de ordens executivas para enfrentar a “ameaça existencial” que as alterações climáticas colocam ao Mundo.

“Esperámos demasiado tempo para lidar com esta crise, não podemos esperar mais”, enfatizou Biden antes de anunciar que a emissão de novas concessões para prospeção de produtos petrolíferos em território federal será suspensa, “rigorosamente inspecionadas” as concessões já emitidas, revogados os programas de ajuda financeira à exploração de combustíveis fósseis e convertida para veículos elétricos a gigantesca frota automóvel do governo americano.

São medidas com que o Presidente americano se aproxima de algumas das suas promessas eleitorais, aplaudidas pelos grupos ambientalistas, mas muito criticadas pela indústria petrolífera, cuja atividade em terrenos públicos é responsável por um quarto da emissão de gases com efeito de estufa nos Estados Unidos, terceiro país mais poluidor do planeta, atrás de China e Índia.

“Precisamos desesperadamente de unidade nacional para responder à crise climática, porque ela existe”, exortou Joe Biden, garantindo que as medidas ontem anunciadas são bem realistas e projetarão o país para o futuro, também em termos económicos. “Não estamos a contruir castelos no ar, isto são medidas concretas para soluções viáveis”, desmistificou. Relacionou-as com a criação de emprego “bem pago” e apresentou-as como fazendo parte de uma estratégia governamental para colocar o clima no centro das políticas interna, externa e de segurança do país. “Podemos fazê-lo, temos de o fazer e fá-lo-emos”, garantiu.
Kerry é o "ponta de lança"
O “ponta de lança” dessa estratégia é o enviado especial para o Clima, John Kerry, que anunciou a iminente apresentação de um plano de corte da emissão de gases com efeito de estufa até 2030, respeitando os critérios do Acordo Internacional de Paris, ao qual a América pós-Trump regressou.

Kerry condenou a "falsa narrativa", partilhada pela administração americana nos últimos quatro anos, que tentou inculcar na opinião pública a ideia de que o combate às alterações climáticas resultará na destruição de empregos, com retrocesso da Economia e do nível de vida dos cidadãos. "Não é verdade", assegurou, salientando a vasta capacidade do setor das energias limpas para criar "empresas, empregos e prosperidade económica".

E enfatizou a urgência na mudança de paradigma, a que também aludira Joe Biden na sua comunicação, afirmando que a cimeira das Nações Unidas prevista para novembro "é talvez a última oportunidade" para o Mundo se unir e "fazer o que é preciso" na tentativa de evitar as piores consequências da crise climática.


pub