Novo Banco diz que espera por conhecer âmbito da auditoria da Deloitte

por Lusa

O Novo Banco disse hoje que aguarda por conhecer âmbito da auditoria da Deloitte, mas que já foram iniciados os trabalhos, para os quais tem 20 pessoas a trabalhar na informação que a consultora necessita, segundo fonte oficial.

"O Novo Banco confirma que também está a aguardar o âmbito final da auditoria", afirmou fonte oficial da instituição financeira em respostas enviadas à Lusa.

Contudo, disse, o banco já iniciou os trabalhos com a Deloitte para a auditora e "alocou uma equipa de mais de 20 pessoas para apoiar a obtenção da informação solicitada", considerando que há informação cuja recolha é complexa.

"Recorde-se que se trata normalmente de processos e metodologias de concessão de crédito na maior parte dos casos com mais 10 anos e alguns mesmo com mais de 20 anos, pelo que a recolha de informação implica significativo esforço", refere fonte oficial.

A auditoria especial ao Novo Banco foi encomendada à Deloitte e, segundo disse hoje o Ministério das Finanças, irá abranger "os atos de gestão subjacentes à chamada de capital do Novo Banco ao Fundo de Resolução em 2019 [1.149 milhões de euros]", tal como noticiado pelo Público.

Quanto à data de entrega da auditora, essa definição está dependente do caderno de encargos da Deloitte, afirmou o gabinete liderado por Mário Centeno.

O Novo Banco divulgou, na sexta-feira passada, prejuízos de 572,3 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, mais 46% do que mesmo período de 2018, justificados pelas perdas de 712,4 milhões de euros nos ativos tóxicos (crédito malparado, imóveis, seguradora GNB Vida) com que ficou do Banco Espírito Santo (BES), que foram alvo de processos de reestruturação e vendas.

Perante estes resultados, o Jornal Económico noticiou na sexta-feira que o Novo Banco pode pedir mais de 700 milhões de euros ao Fundo de Resolução. O Público escreve hoje que o valor poderá ficar perto dos 850 milhões de euros.

A Lusa questionou o Novo Banco sobre qual o montante preliminar que para já é estimado, fechadas as contas até setembro, que o Fundo de Resolução terá de injetar no Novo Banco, mas não obteve resposta.

O valor final a ser injetado pelo Fundo de Resolução só será conhecido após o Novo Banco fechar as contas de 2019 (ou seja, já em 2020) e variará consoante o que aconteça até final do ano (perdas e custos com ativos e exigências de capital).

Aquando da venda do Novo Banco ao fundo Lone Star, em outubro de 2017, foi acordado um mecanismo pelo qual o Fundo de Resolução compensa perdas do Novo Banco num determinado conjunto de ativos (crédito malparado, imóveis), até ao valor de 3,89 mil milhões de euros.

Até agora, o banco já recebeu 1.941 milhões de euros (referentes a 2017 e 2018) e é certo que o valor vai aumentar.

A Lusa questionou ainda o Novo Banco sobre que ativos estão de momento em processo de venda, e o montante envolvido, assim como sobre a reestruturação que o banco levará a cabo nos próximos meses quanto a trabalhadores e rede. Também não obteve respostas.

O grupo Novo Banco fechou setembro com 4.967 trabalhadores, menos 129 do que em final de 2018. Já em termos de balcões, reduziu em sete para 395.

O Banco Espírito Santo (BES), tal como era conhecido, acabou em agosto de 2014, tendo sido criado o Novo Banco, atualmente detido em 75% pelo fundo de investimento norte-americano Lone Star e em 25% pelo Fundo de Resolução bancário (entidade da esfera do Estado).

Uma vez que o Fundo de Resolução não tem tido dinheiro para injetar no Novo Banco, tem recorrido a empréstimos do Tesouro.

Tópicos
pub