Pela segunda noite consecutiva houve confrontos em Kenosha, cidade do Estado norte-americano de Wisconsin, com prédios e carros incendiados. Os incidentes ocorreram depois três polícias de Kenosha terem alvejado, pelas costas, Jacob Blake.
Ontem, vários manifestantes juntaram-se junto ao tribunal de Kenosha a lançarem tijolos e cocktails Molotov contra as forças policiais.
O Governador do Estado de Wisconsin, Tony Evers, convocou a Guarda Nacional para ajudar a polícia local.
Tony Evers afirmou, em conferência de imprensa, que a “mobilização da Guarda Nacional” foi feita a pedido das autoridades locais, “para ajudar a polícia a proteger as infraestruturas críticas” e “garantir que a população pudesse manifestar-se em segurança”.
“Cada pessoa deve ser capaz de expressar a sua raiva e frustração exercendo os direitos da Primeira Emenda”, acrescentou o Governador do Partido Democrata.
Numa publicação na rede social Facebook, o Governador condenou o comportamento do ou dos agentes que efetuaram os disparos e declarou: "Embora ainda não tenhamos todos os detalhes, o que sabemos com certeza é que não é o primeiro homem ou pessoa negra a ser alvejado ou ferido ou implacavelmente abatido às mãos de indivíduos ao serviço da polícia no nosso Estado ou no nosso país".
Ainda segundo Evers, "temos de mostrar empatia, mas igualmente importante é a nossa ação. Nos próximos dias, vamos exigir exatamente isso aos funcionários eleitos do nosso Estado que durante demasiado tempo falharam em reconhecer o racismo no nosso Estado e no nosso país". O governador afirmou que não tenciona deixar morrer o assunto.
Estas declarações do Governador do Estado de Wisconsin já foram criticadas pelo sindicato da polícia de Kenosha.
Pete Daetes, chefe do sindicato, considera que a declaração de Evers foi “totalmente irresponsável” e que deveria ter aguardado até que todos os factos fossem conhecidos.
Pete Daetes, chefe do sindicato, considera que a declaração de Evers foi “totalmente irresponsável” e que deveria ter aguardado até que todos os factos fossem conhecidos.
Tony Evers revelou ainda que no dia 31 de agosto vai ser discutido um pacote de leis sobre a responsabilidade e transparência da polícia. As alterações à legislação tinham sido anunciadas pelo Governador na sequência do assassinato de George Floyd em Minneapolis.
O Departamento de Justiça de Wisconsin está a investigar o incidente em Kenosha, uma cidade com cerca de cem mil habitantes na costa sudoeste do Lago Michigan.
Joe Biden, o candidato democrata à Casa Branca, já pediu “uma investigação completa e transparente” ao incidente.
O que se passou em Kenosha?
Três agentes da polícia de Kenosha, Wisconsin, foram chamados, no domingo, para acudir a um caso de violência doméstica e acabaram por fazer sete disparos, pelas costas, contra Jacob Blake, um afroamericano que se encontrava nas imediações.
A notícia levou a polícia a suspender, com licença administrativa, os agentes enquanto o caso estiver a ser investigado.
Jacob Blake, de 29 anos, está no Hospital de Milwaukee em estado estável. O advogado da família afirmou à CNN que quando foi alvejado, os três filhos do afroamericano – de 3,5 e 8 anos- estavam no carro.
Ben Crump, o advogado da família, revelou um vídeo do incidente, onde se vê Jacob Blake a virar as costas aos agentes, em passo normal, e a dirigir-se ao lugar do condutor do seu carro. Quando abre a porta a polícia dispara nas suas costas.
O departamento de polícia de Kenosha afirma que os agentes forneceram “ajuda imediata”.
Segundo o advogado, Blake “estava a tentar acalmar um incidente de violência doméstica”.Wow. This Black man was shot several times in the back by @KenoshaPolice today. He was getting into his car after apparently breaking up a fight between two women. He’s in critical condition now. We demand JUSTICE! #BlackLivesMatter pic.twitter.com/I1reDEp4nw
— Ben Crump (@AttorneyCrump) August 24, 2020