Ofensiva turca. Mogherini defende solução pacífica mediada pela ONU

por Lusa

Luxemburgo, 14 out 2019 (Lusa) - A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, condenou hoje a operação militar da Turquia e sublinhou o apoio unânime da União Europeia (UE) aos esforços de mediação da ONU para encontrar uma solução pacífica.

"Houve unanimidade na condenação da ação militar da Turquia no nordeste Síria, bem como das explorações que o país está a fazer no Mediterrâneo", sublinhou Mogherini, em conferência de imprensa no final de uma reunião do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE.

"Apoiamos os esforços de mediação da ONU", disse ainda, para acrescentar que que a UE avisou a Turquia, antes da intervenção, sobre a possibilidade de as forças curdas se aliarem ao regime sírio.

"Apesar das nossas diferenças, temos um objetivo comum que é o de pôr um fim à guerra na Síria", sublinhou Mogherini, apelando a todos os parceiros internacionais para que cheguem a uma solução política e salientando que a UE falou com uma só voz "clara e unida".

Federica Mogherini alertou também para o perigo de o auto proclamado Estado Islâmico (EI) reencontrar espaço para reunir forças, recrutar membros e reconquistar território operacional no nordeste da Turquia.

"Fizemos um bom exercício de clarificação, pelo nosso lado", salientou ainda, referindo que os Estados-membros se comprometeram a não vender armas à Turquia.

A Alta Representante para a Política Externa da UE adiantou também que os 28 foram unânimes na condenação das atividades turcas de exploração de gás e petróleo no Mediterrâneo, ao largo de Chipre, e está a ser preparado quadro de sanções.

A Turquia lançou na quarta-feira uma operação militar, que inclui alguns rebeldes sírios, contra a milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG), grupo que considera terrorista, mas que é apoiado pelos ocidentais para combater o grupo extremista EI.

Desde o início da ofensiva turca, pelo menos 104 combatentes curdos e cerca de 60 civis morreram na sequência dos confrontos, segundo o mais recente balanço do OSDH (Observatório Sírio dos Direitos Humanos).

A ofensiva turca no nordeste da Síria já provocou cerca de 130 mil deslocados, de acordo com a ONU.

O Ministério da Defesa turco tem afirmado, em diversas ocasiões, que todas as medidas necessárias foram tomadas no âmbito desta operação para evitar baixas civis.

Segundo Ancara, a operação militar que arrancou na quarta-feira visa "os terroristas das YPG e do Daesh [acrónimo árabe do grupo extremista Estado Islâmico]" e pretende estabelecer uma "zona de segurança" no nordeste da Síria.

A ofensiva de Ancara abre uma nova frente na guerra da Síria que já causou mais de 370.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados desde que foi desencadeada em 2011.

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