OMS aprova resolução contra Moscovo e denuncia emergência sanitária causada por invasão

por Lusa

Os países-membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) adotaram hoje uma resolução, apresentada pela Ucrânia, que condena "nos termos mais fortes" a agressão militar russa e, em particular, os ataques contra as infraestruturas de saúde ucranianas.

Dentro do painel de 194 países que integram esta agência do sistema das Nações Unidas, a resolução foi adotada por 88 votos a favor, 12 contra e 53 abstenções.

O texto, proposto pela Ucrânia na assembleia anual da OMS a decorrer em Genebra com o apoio de cerca de outros 50 países (incluindo os Estados Unidos, maioria dos membros da União Europeia e o Reino Unido), também exorta a Rússia a "cessar imediatamente os ataques contra hospitais" e outras infraestruturas de saúde em solo ucraniano.

Segundo a mais recente contabilização da OMS, pelo menos 256 ataques visaram estruturas sanitárias ucranianas, ataques esses que provocaram 75 vítimas mortais entre profissionais de saúde.

Este balanço poderá ser utilizado em futuros processos relacionados com crimes de guerra.

A resolução não prevê sanções contra a Rússia no seio da organização da ONU, mas reconhece o recente pedido do gabinete europeu da OMS de suspender reuniões, seminários, reuniões técnicas e conferências da organização em território russo.

O documento salienta ainda que a agressão "constitui uma situação excecional, que afeta gravemente a saúde da população ucraniana e tem repercussões sobre a saúde na região e fora dela".

A embaixadora da Ucrânia em Genebra, Yevheniia Filipenko, insistiu nos alertas relacionados com a crise alimentar que ameaça o mundo por causa da guerra em curso.

"Milhões de toneladas de cereais estão bloqueados à exportação, o que afetará os mais pobres (...) embora não tenham nada a ver" com o conflito, afirmou a representante.

O embaixador francês, Jérôme Bonnafont, ao falar em nome da União Europeia (França detém atualmente a presidência semestral europeia) explicou que a resolução "não vai além do mandato da OMS, continua centrado nas questões de saúde, não suspende de forma alguma a cooperação entre a OMS e a Rússia, não aplica um padrão duplo, dependendo do país em questão".

A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também as Nações Unidas disseram que cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Tópicos
pub