ONG mandata advogados para seguirem o caso de jornalista detido no norte de Moçambique

por Lusa

Maputo, 22 fev (Lusa) - O Instituto de Comunicação Social da África Austral em Moçambique (MISA-Moçambique) mandatou os seus advogados para apurarem as circunstâncias da detenção do jornalista Germano Daniel Adriano e os crimes de que é acusado, disse à Lusa fonte da organização.

"Temos os nossos advogados a trabalhar para a compreensão das circunstâncias da detenção do jornalista e das notícias sobre as acusações que lhe são imputadas", disse o diretor-executivo do MISA-Moçambique, Ernesto Nhanala.

O MISA-Moçambique, prosseguiu, vai pronunciar-se sobre o caso nos próximos dias, na sequência do trabalho que a sua equipa de advogados está a realizar.

A organização deu conta na terça-feira da detenção de Germano Daniel Adriano, jornalista e locutor da Rádio Nacedje, no distrito de Macomia, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique.

O diário O País escreve hoje que o Ministério Público moçambicano acusa o jornalista de instigação pública a um crime com uso de meios informáticos e violação de segredos do Estado.

O jornal refere que Germano Daniel Adriano ter-se-á colocado em fuga há seis meses, quando tomou conhecimento de que era procurado pela justiça em relação aos crimes de que é acusado.

Germano Daniel Adriano é o segundo jornalista preso este ano em Cabo Delgado, após a detenção de Amade Abubacar a 05 de janeiro na vila de Macomia, no centro de Cabo Delgado, quando fotografava famílias que abandonavam a região com receio de ataques armados.

Em dezembro do ano passado, três jornalistas estrangeiros e um moçambicano foram detidos durante 48 horas pelo exército moçambicano, a caminho do distrito de Palma, na mesma província, apesar de estarem credenciados pelas autoridades para trabalhar na zona.

Distritos recônditos da província de Cabo Delgado, no extremo nordeste do país, a 2.000 quilómetros da capital, têm sido alvo de ataques de grupos desconhecidos desde outubro de 2017.

De acordo com números oficiais, pelo menos 140 pessoas, entre residentes, supostos agressores e elementos das forças de segurança, morreram desde que a onda de violência começou.

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