A oposição venezuelana inicia esta sexta-feira uma "tomada" do país que se vai prolongar durante três dias, em protesto contra a proibição de manifestações públicas e contra as eleições para a Assembleia Constituinte, previstas para domingo.
"Nem por um minuto pensemos que há que baixar a pressão. O Governo irá em frente com a sua constituinte falsa, temos que preparar-nos para aprofundar o conflito", disse na quinta-feira, o vice-presidente do parlamento, Freddy Guevara.
"Tomada da Venezuela"
Numa conferência de imprensa em Caracas, o deputado apelou aos venezuelanos para que depois das 12h00 horas (17h30 horas em Lisboa), realizem a "tomada da Venezuela" e continuem nas ruas, avenidas e principais estradas do país.
O novo protesto ocorre depois de uma greve da oposição de 48 horas, a qual deveria ser seguida de uma "tomada de Caracas", que entretanto foi expandida a todo o país, em resposta ao anúncio da proibição de "reuniões e manifestações públicas, concentrações de pessoas e qualquer outro ato similar que possa perturbar ou afetar o normal desenvolvimento" das eleições de domingo.
Entretanto foram criados 96 pontos para denúncias sobre delitos eleitorais, suspendida a venda bebidas alcoólicas e artifícios pirotécnicos, assim como o porte de armas.
A partir de hoje 142.000 funcionários dos organismos de segurança vão cuidar dos centros eleitorais e as Forças Armadas vão ativar várias zonas de proteção especial temporária até às 23:50 horas da terça-feira, dia 1 de agosto.
Constituição ao estilo de Cuba
A oposição venezuelana acusa o Presidente Nicolás Maduro de pretender usar a Assembleia Constituinte para impor uma constituição ao estilo de Cuba.
Além disso, a oposição tem denunciado que o processo é fraudulento, porque seria necessário, segundo a legislação em vigor, realizar um referendo consultivo para que o povo decida se quer ou não uma Constituinte.
Por outro lado questiona o facto de o Conselho Nacional Eleitoral, por instruções do Chefe de Estado, ter estabelecido votos do tipo "setorial" e "territorial", argumentando que o voto é universal e secreto.
Na Venezuela, as manifestações a favor e contra Maduro intensificaram-se desde 1 de abril passado, depois de o Supremo Tribunal ter divulgado duas sentenças, que limitam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assume as funções do parlamento.
A 1 de maio, Maduro anunciou a eleição de uma Assembleia Constituinte para alterar a Constituição, o que intensificou os protestos que, desde abril, provocaram pelo menos 103 mortos.
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