Oposição senegalesa apela para três dias de manifestações na próxima semana

por Lusa

O Movimento para a Defesa da Democracia no Senegal, que inclui opositores do Presidente Macky Sall, apelou hoje ao povo senegalês para que "saia massivamente" às ruas durante três dias a partir de segunda-feira.

O apelo, feito numa conferência de imprensa em Dacar, surge após vários dias de violência entre as forças de segurança e grupos de jovens, que se manifestavam pela libertação do opositor Ousmane Sonko.

O movimento de protesto, que reúne partidos políticos, incluindo o partido do Sonko, associações e membros da sociedade civil, apela à "libertação imediata de todos os presos políticos detidos ilegalmente e arbitrariamente" e ao "respeito pelo direito de manifestação".

Pelo menos quatro pessoas morreram na sequência de confrontos entre a polícia e os manifestantes, segundo informação das autoridades, que garantiram que a ordem será "restaurada" por todos "os meios necessários".

A capital senegalesa, Dacar, tem sido palco de conflitos entre as forças de segurança e centenas de jovens, dois dias depois da detenção do principal opositor do Governo, Ousmane Sonko, cuja detenção foi hoje prolongada.

A detenção de Sonko, terceiro nas eleições presidenciais de 2019 e visto como um dos principais candidatos às eleições presidenciais de 2024, desencadeou também o saque e pilhagem de lojas.

Além de ter provocado a ira dos seus apoiantes, os senegaleses assinalam que a detenção de Sonko foi a gota de água da revolta no país, cuja população enfrenta dificuldades há mais de um ano, agravadas pela pandemia de covid-19.

Sonko foi formalmente detido sob a acusação de perturbação da ordem pública, quando se dirigia ao tribunal onde tinha sido intimado a responder a acusações de violação.

Sonko, 46 anos, é alvo de uma queixa por violação e ameaças de morte, apresentadas no início de fevereiro por uma funcionária de um salão de beleza, onde o político recebia massagens para, segundo o próprio, aliviar dores de costas.

O político refuta as acusações e diz-se vítima de uma conspiração patrocinada pelo Presidente, Macky Sall, com o objetivo de o manter fora das próximas eleições presidenciais em 2024.

Sall negou estas insinuações no final de fevereiro, mas desde então tem mantido silêncio sobre o caso.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) condenou hoje a violência que teve lugar nos últimos dias no Senegal, apelando às partes para "darem mostras de contenção e calma".

Na sexta-feira à noite, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que estava "muito preocupado" e apelou para que se evitasse "uma escalada" da violência.

As tensões, num país geralmente considerado um oásis de estabilidade na África Ocidental, intensificaram-se sem qualquer perspetiva aparente de abrandamento.

Vários bairros de Dacar e cidades do interior assistiram a confrontos a uma escala não vista há vários anos, embora a resposta da polícia pareça estar limitada principalmente ao controlo de motins.

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