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Oposição teme fraude massiva. Russos chamados a votar em legislativas que se prolongam até domingo

por RTP
Mikhail Voskresenskiy - EPA

As eleições legislativas na Rússia arrancam esta sexta-feira num processo que vai prolongar-se por três dias, até domingo. Na decisão de estender o período de votação está a covid-19, acreditando as autoridades que alargar a votação evitará filas e ajuntamentos propensos à transmissão do vírus, já que são chamados às urnas mais de 110 milhões de eleitores. Uma lei foi aprovada em 2020 para o momento da pandemia, permitindo a votação dois dias antes da data oficial, mas a oposição teme que o sistema aproveite estas circunstâncias para levar a cabo uma fraude massiva.

O partido Rússia Unida, base de Vladimir Putin, é o principal partido na Rússia, com mais de metade dos 450 assentos na Duma, a câmara baixa da assembleia, sendo portanto o alvo a abater nestas eleições marcadas pela repressão e o afastamento de alguns dos opositores do presidente, que pode enfrentar aqui um teste importante.

Com a abertura das urnas esta sexta-feira, o partido mantém-se à frente nas intenções de voto, apesar da queda nas sondagens durante o último mês.Três dias para votar
Tratando-se de uma circunstância que assenta num facto incontornável – a pandemia de covid –, o alargamento do período de votação para três dias suscita as maiores dúvidas nos opositores de Putin, que falam numa abertura para a ocorrência de fraudes na conclusão de um processo fortemente criticado por analistas independentes.

A campanha decorreu “em condições sem precedentes de repressão e de limpeza do campo político por parte do regime”, sustentou Andrey Kolesnikov, especialista em Política Interna Russa no Carnegie Moscow Center.

Também o Parlamento Europeu lançou críticas à forma como decorreu o processo, aprovando uma resolução no sentido do não reconhecimento dos resultados eleitorais “se não forem respeitados princípios democráticos e o direito internacional”, o que levou o presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, a falar de interferência eleitoral: “A decisão do Parlamento Europeu tem um caráter hostil. Nós interpretamo-la como uma tentava de interferir nos nossos assuntos internos e de pressão sobre os cidadãos”.

“Não aceitaremos tais resoluções”, verberou Vyacheslav Volodin, “ainda mais, porque são aprovados antes de os nossos cidadãos expressarem a vontade popular. Serão eles a decidir que vai estar no poder. A pressão exercida sobre eles é inadmissível”.

“As nossas eleições são abertas, ao contrário dos processos eleitorais que ocorrem nos Estados Unidos e nos países europeus. Dediquem-se a construir os vossos países, resolvendo os problemas dos cidadãos que vos elegem. Quanto aos cidadãos da Rússia, eles sabem em quem votar e apoiar”, sublinhou Vyacheslav Volodin, que tem denunciado o que diz ser a interferência do Ocidente nos assuntos internos russos, garantindo que tudo será feito para preservar a Rússia de qualquer “ação hostil”.Uma pedra no sapato chamada Navalny
O Ministério russo dos Negócios Estrangeiros já havia chamado o embaixador dos Estados Unidos, John Sullivan, face a uma alegada interferência dos gigantes tecnológicos norte-americanos no processo eleitoral e representantes da Google e Apple estiveram no senado russo numa sessão onde pontificou a questão da soberania da Rússia.

Alexei Navalni, opositor de Putin que se encontra detido, não passou ao lado da questão. Moscovo acusa os sites norte-americanos de não tirarem do ar conteúdos como o aplicativo “Smart Vote”, desenvolvido por Alexei Navalny, o principal opositor de Putin.
Uma onda de repressão intensificou-se nos últimos meses com o bloqueio de sites da oposição e a proibição de entrada no processo eleitoral de opositores de Vladimir Putin, uma decisão que afetou a ala de contestação liderada por Navalny, que viu bloqueado o site onde pedia o voto contra o sistema e o Rússia Unida.

Outros nomes foram barrados nestas eleições sob a acusação de pertencerem a organizações extremistas, em particular a Fundação Anti-Corrupção. Lyubov Sobol, Ilya Yashin, Oleg Stepanov, Irina Fatyanova ou Alexandra Semenova foram apenas algumas das personalidades da esfera política russa que viram impedida a entrada dos seus nomes nos boletins de voto.
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