Ekrem Imamoglu repetiu, no domingo, a vitória nas eleições municipais em Istambul, na sequência da anulação do primeiro escrutínio, há três meses. O candidato da oposição à presidência da câmara do grande centro económico da Turquia infligiu, assim, ao Presidente Recep Tayyip Erdogan a maior derrota nas urnas em quase duas décadas.
Imamoglu fora declarado vencedor das municipais em Istambul a 31 de março, obtendo então uma vantagem de 13 mil votos sobre Yildirim. Número que levou a formação de matriz islamista do Presidente turco, o AKP, a invocar “irregularidades em massa”, reclamando a repetição do escrutínio.
José Pedro Tavares, correspondente da Antena 1 na Turquia
O campo da oposição denunciou, por sua vez, um “golpe contra as urnas” e fez do processo de repetição uma “batalha pela democracia”.
Ekrem Imamoglu recolheu agora mais 800 mil votos do que o adversário. E Binali Yildirim foi lesto a reconhecer a derrota: “Felicito-o e desejo-lhe boa sorte. Espero que sirva bem Istambul”.
“Um novo começo”
No momento de celebrar a vitória, Imamoglu, figura do partido social-democrata e secular CHP, não hesitou em transpor para a esfera nacional o resultado que alcançou em Istambul, ao clamar que este significa “um novo começo para a Turquia”. Ao mesmo tempo, estendeu um ramo de oliveira a Recep Tayyip Erdogan, convidando o Presidente a “trabalhar em harmonia”.A vitória de Imamoglu deu lugar a festejos nas ruas de Istambul, a grande metrópole com mais de 15 milhões de habitantes que liga o ocidente ao oriente.
Também o Chefe de Estado turco, que pugnou diretamente pela anulação da votação do final de março – e cuja carreira política nasceu em Istambul -, cumprimentou o candidato da oposição.
Além de Istambul, o AKP perdeu, nestas municipais, a capital Ancara. Isto ao cabo de 25 anos de confortáveis maiorias do flanco conservador islamista. Resultados que não serão alheios à situação económica do país, a braços com uma inflação de 20 por cento, elevados níveis de desemprego e a quebra da lira.
O desfecho do processo eleitoral de Istambul coincide com o início do julgamento de 16 pessoas acusadas de tentativa de “derrube do Governo” na vaga de protestos de 2013. Entre os acusados, que arriscam a pena de prisão perpétua, estão o empresário e filantropo Osman Kavala - detido durante mais de 600 dias, tornou-se uma figura de proa para os opositores de Erdogan e as organizações de defesa dos Direitos Humanos, que acusam o poder central de ter em curso uma “caça às bruxas”.
Em declarações citadas pela France Presse, Andrew Gardner, responsável da Amnistia Internacional na Turquia, afirma que a acusação “não comporta uma sombra de prova” de que os acusados “tenham estado implicados em qualquer atividade criminal e ainda menos que tenham conspirado para derrubar o Governo”.
Seis dos acusados, que deixaram entretanto a Turquia, vão ser julgados à revelia.
c/ agências
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