Padres italianos querem abrir portas das igrejas a migrantes

por RTP
Na passada semana, dezenas de migrantes foram expulsos de centros de acolhimento em Itália Stefano Rellandini - Reuters

Depois de o decreto anti-imigração de Matteo Salvini, ministro italiano do Interior, ter levado à suspensão de centenas de pedidos de asilo e deixado os requerentes sem proteção humanitária, com dezenas a ser expulsos de centros de acolhimento, padres italianos declararam estar dispostos a “abrir as portas das igrejas de cada paróquia” para receber quem ficou sem abrigo.

A posição do Vaticano é “muito clara”, afirmou o cardeal Pietro Parolin. “Não se deixam migrantes nas ruas. Um profundo sentido de solidariedade deve prevalecer. Não se pode colocar as pessoas nesta posição, devemos sempre focar-nos nelas e nos seus direitos”.

No início de dezembro, o Governo italiano tornou pública a intenção de expulsar 50 migrantes de um centro de acolhimento em Sicília, o segundo maior da Europa. O bispo de Caltagirone já se ofereceu para colocar à disposição 40 camas em instalações pertencentes à Igreja para as pessoas que correm o risco de ser expulsas.

“E se não tivermos camas suficientes?”, questionou. “Já falei com outros bispos e iremos abrir as portas das igrejas de cada paróquia sob o nosso controlo. Não é uma questão de política, é uma questão de proteger indivíduos”.

“Em Itália é um crime abandonar cães, mas não é um crime abandonar pessoas”, continuou. “Pior ainda, abandonar homens, mulheres e crianças é agora a lei”.Segundo o ministro italiano do Interior, entre 2016 e 2017 a Itália forneceu proteção humanitária a 39.145 requerentes de asilo.

Na passada semana, dezenas de migrantes, incluindo vítimas de tráfico humano e um menor com problemas mentais, foram expulsos de centros de acolhimento em Itália devido ao decreto de Salvini.

O documento pretende abolir a proteção humanitária de quem não é elegível para requerer o estatuto de refugiado mas que, por outro lado, não pode regressar ao país de origem. O ministro do Interior descreveu o decreto como “uma prenda para os italianos”.

De acordo com a Conferência Episcopal Italiana, a Igreja já acolheu 25 mil migrantes desde 2017 com o apoio financeiro da União Europeia. Cerca de 2.700 requerentes de asilo foram apoiados exclusivamente com fundos do Vaticano.
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