Papa agradece "testemunho" de cardeal condenado por pedofilia e absolvido mais tarde

por Lusa

O Papa Francisco agradeceu hoje, durante uma audiência privada no Vaticano, o "testemunho" do cardeal australiano George Pell, que regressou a Roma depois de ter sido condenado pelo crime de pedofilia e, entretanto, absolvido.

De acordo com um comunicado divulgado pelo Vatican News, o gabinete de comunicação oficial do Vaticano, Francisco "recebeu em audiência" o prelado de 79 anos e, "ao cumprimentá-lo agradeceu-lhe" o "testemunho".

A nota é acompanhada por um clipe de vídeo de 38 segundos, no qual é possível ver o Papa a cumprimentar o cardeal australiano e a dizer "que bom vê-lo" e "mais de um ano" -- aludindo ao um ano e um mês que Pell esteve detido.

O prelado deixou o Vaticano em julho de 2017 para enfrentar as acusações de pedofilia de que era alvo na Austrália. Na altura, o Papa concedeu ao cardeal "um período de licença para se defender contra as acusações", recorda a nota.

George Pell foi formalmente acusado do crime de abuso sexual de menores em 2017. A acusação remetia a 1996 e 1997, período em que o cardeal desempenhou a função de arcebispo de Melbourne.

O cardeal foi considerado culpado na primeira instância pelo Tribunal de Melbourne, em dezembro de 2018, e sentenciado a seis anos de prisão efetiva.

Pell foi transferido para um estabelecimento prisional em fevereiro do ano seguinte.

O prelado declarou-se inocente e considerou o crime de que foi acusado como "hediondo e intolerável" e também "contra o qual sempre lutou", dá conta o comunicado do Vatican News.

Em agosto de 2019, o Tribunal de Recursos do Estado de Victoria confirmou a condenação e apenas um juiz, Mark Weinberg, discordou da decisão.

Em março deste ano, o caso chegou ao Supremo Tribunal da Austrália e os juízes admitiram o recurso de Pell com base nas motivações para a oposição do magistrado Mark Weinberg, que, segundo a mesma nota, baseou-se no "princípio de que uma pessoa não pode ser condenada se as provas não demonstrarem a sua culpa além de qualquer dúvida razoável".

O cardeal australiano acabou absolvido de todas as acusações, por unanimidade, pelo coletivo de sete juízes.

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