Em comunicado, apresentaram-se como "sem-papéis, sem voz, sem rostos para a República Francesa" e exigiram "documentos e alojamentos para todas e todos".
O texto foi publicado na rede Twitter, em nome do grupo responsável pela ação, o Gilets Noirs, que congrega migrantes que dormem nas ruas ou nas soleiras dos prédios.
"Apelamos a todas as forças em França, na Europa ou outros lados, a que apoiem esta campanha contra o medo e a vergonha. Pela igualdade, a dignidade e a justiça e a sua aplicação concreta: documentos para todas e todos", refere o comunicado.
"Não queremos voltar a negociar com o ministério do Interior e as suas prefeituras. Agora queremos falar com o primeiro-ministro Edouard Philippe", sublinharam ainda os seus autores.
Os ocupantes afirmam que querem papéis porque "trabalham" e "alojamento porque há 200.000 casas vazias em Paris".
Retirados
De acordo com uma organização de apoio aos migrantes, "A Capela Erguida", a ocupação começou ao início da tarde, quando 700 pessoas, clandestinos e seus apoiantes, entraram no edifício. Os turistas foram levados a sair do monumento.
"Estamos cercados por dezenas de CRS (agentes de segurança responsáveis
por manter ou repor a ordem), de capacete na mão", referiu uma das
responsáveis do "Capela". "Está um ambiente alegre. Há muitos discursos
sobre racismo e sobre as nossas reivindicações", revelou à Agência France
Press.
Um vídeo foi publicado na rede Twitter pelo "Capela", mostrando centenas
de pessoas sob a cúpula do Panteão, entoando "Gilets Noirs! Gilets
Noirs!" ("coletes negros, coletes negros").
Houve ainda apelos à mobilização de outros clandestinos para se unirem ao protesto, no exterior do Panteão.
O grupo acabou por ser retirado do monumento e juntou-se nas
traseiras do edifício, repetindo as suas exigências e palavras de ordem.
Desagrado
O Gilets Noirs tem liderado de forma habitual ocupações em apoio aos clandestinos.
Em junho, ocuparam durante pouco tempo a sede do grupo Elior, na Défense, perto de Paris, para "denunciar o seu negócio", realizado com migrantes sem papéis e "não declarados".
Em maio, ocuparam um terminal do aeroporto parisiense de Roissy, contra a "colaboração da Air France nas expulsões" de migrantes.
Afirmaram na altura, serem o maior grupo de pessoas indocumentadas, da Europa.
A ação provocou uma onda de reações no Twitter, com muitos franceses a publicarem mensagens de repúdio pela invasão do Panteão.