Venezuela. Parlamento contra levantamento de imunidade de deputados após atentado

por Lusa
Carlos Garcia Rawlins - Reuters

O parlamento venezuelano, onde a oposição detém a maioria, aprovou uma declaração que considera nula a decisão de levantar a imunidade dos deputados Júlio Borges e Juan Requesens pelo alegado envolvimento no atentado contra o Presidente Nicolás Maduro.

A tomada de posição decorreu numa sessão parlamentar que estiveram presentes vários diplomatas de países da União Europeia e também da Colômbia, Chile, Argentina, Peru, Japão, Paraguai e do Canadá.

A oposição aprovou uma declaração que determina como nula a decisão da Assembleia Constituinte (composta na totalidade por simpatizantes do regime) de levantar a imunidade parlamentar do ex-presidente do parlamento Júlio Borges e de Juan Requesens, numa sessão em que se criticou o "caráter político" das acusações contra os deputados.

Foi ainda aprovado uma condenação às atuações ordenadas pelo Chefe de Estado contra ambos os políticos por alegado envolvimento no atentado.

A oposição acusou ainda o Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN, serviços secretos) de ter sequestrado o deputado Juan Requesens e de o manter em parte incerta, que está incomunicável há 36 horas, exigindo que este possa ser visitado por advogados e familiares.

"Estamos em presença do delito de desaparecimento forçado do deputado", disse o deputado Alfonso Marquina.

No sábado, duas explosões que as autoridades dizem ter sido provocadas por dois drones (aviões não tripulados) obrigaram o Presidente da Venezuela a abandonar rapidamente uma cerimónia de celebração do 81.º aniversário da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar).

O Governo venezuelano acusou a oposição venezuelana de estar envolvida no atentado, juntamente com opositores radicados no estrangeiro.

Pelo menos dez pessoas foram detidas pelas autoridades pelo alegado envolvimento no atentado.

Terça-feira, o partido opositor Primeiro Justiça, denunciou que funcionários do SEBIN detiveram o deputado Juan Requesens, conjuntamente com a irmã, Rafaela Requesens, presidente da Federação de Centros Universitários da Universidade Central da Venezuela.

A detenção teve lugar depois de o Presidente Nicolás Maduro acusar o deputado de estar envolvido no atentado.

A oposição diz que o deputado foi agredido fisicamente. Um vídeo divulgado na internet dá conta do momento em que alegados funcionários do SEBIN mexem nas câmaras de segurança para impedir que fique registado o que acontece durante a detenção do deputado.

Um dia depois a Assembleia Constituinte levantou a imunidade de ambos políticos.

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