PC Chinês inclui teoria de secretário-geral Xi Jinping na sua constituição

por Lusa

O Partido Comunista Chinês (PCC) introduziu hoje na sua constituição o nome e teoria do atual secretário-geral, Xi Jinping, confirmando o seu estatuto como mais poderoso líder chinês das últimas décadas.

O conceito de Xi - "socialismo com características chinesas para uma nova era" - foi acrescentado à constituição do PCC no encerramento do XIX Congresso do partido, que se realiza a cada cinco anos.

"O povo e a nação chinesa têm um grande e brilhante futuro pela frente", afirmou Xi aos delegados do partido, no encerramento do Congresso.

"Neste grande momento, sentimo-nos mais confiantes e orgulhosos. E simultaneamente, sentimos o grande peso da responsabilidade", disse.

A inclusão do pensamento de Xi é vista como uma rutura com o período de reformas económicas, introduzido por Deng Xiaoping, no final dos anos 1970, e prolongado pelos sucessores Jiang Zemin e Hu Jintao.

Num sinal da crescente influência de Xi Jinping, o seu nome foi incluído também na constituição, elevando-o ao estatuto de Deng Xiaoping e do fundador da República Popular Mao Zedong.

"Em todos os aspetos, a era de Xi Jinping começou a sério", afirmou o comentador político Zhang Lifan, em Pequim. "Apenas o nome de Mao foi consagrado na ideologia do partido ainda vivo. Estamos a tocar em algo novo aqui".

Durante séculos, os imperadores chineses participaram de rituais que assinalavam se estes eram sucessores de uma linha dinástica ou fundadores de uma nova dinastia. O que Xi conseguiu esta semana é o equivalente moderno do segundo, destacou Zhang.

"Ele quer fazer parte daquele panteão de líderes", disse, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP).

A decisão de incluir o pensamento de Xi nas diretrizes do partido surge cinco após a sua ascensão ao poder, mais cedo do que os antecessores.

No caso de Jiang e Hu, as teorias foram incluídas nos estatutos do PCC quando estes se estavam já a retirar.

Xi descreveu a sua teoria como central para a China assegurar "uma vitória decisiva na construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspetos", até meados deste século.

No núcleo desta visão está o PCC, que mantém controlo absoluto sobre tudo, desde os padrões morais dos chineses à defesa da segurança do país.

O secretário-geral do PCC apontou 2049, centenário da fundação da República Popular, para que a sociedade chinesa seja moderna e próspera.

A China é a segunda maior economia mundial, mas continua na 79.ª posição em termos de Produto Interno Bruto por habitante, segundo o Fundo Monetário Internacional.

A nação mais populosa do mundo tem cerca de 1.375 milhões de habitantes, quase 18% da humanidade.

A inclusão do pensamento de Xi surge no último dia do XIX Congresso do partido, que decorreu no Grande Palácio do Povo.

Os 2.287 delegados presentes no Congresso são oriundos das 31 províncias chinesas, Governo, exército, firmas estatais e organizações populares, que representam a maioria dos 89 milhões de membros do partido.

Num processo secreto, os delegados escolheram os cerca de 200 membros permanentes do Comité Central e 150 rotativos, de entre 400 candidatos.

O Comité elege depois os membros do Politburo e do Comité Permanente do Politburo. A formação será conhecida na quarta-feira.

A constituição do partido foi também emendada para incluir referências à liderança absoluta do PCC sobre as forças armadas e a promoção da Nova Rota da Seda, o gigante plano de infraestruturas lançado por Xi, que visa reativar a antiga via comercial entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.

 

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