A diplomacia chinesa acaba de fazer saber a Washington que Pequim não tem qualquer desejo de se intrometer na política interna norte-americana. O Presidente Donald Trump lançou um pedido público às autoridades chinesas para que investigassem Joe Biden, seu provável concorrente democrata nas Presidenciais de 2020. A resposta foi “não”.
Na leitura da CNN, porém, não há nesta resposta meramente um desejo de evitar a entrada na confusão em que pode tornar-se a campanha eleitoral para a eleição do presidente no próximo ano. É, antes de tudo, o cumprimento de uma premissa da diplomacia chinesa que vem de há décadas.
Mas o Presidente Trump não viu qualquer problema no pedido de ajuda a um país terceiro para resolver um problema que a sua candidatura poderá vir a enfrentar e, durante um contato com os media nos jardins da Casa Branca, deixou um pedido aberto às autoridades chinesas – referindo que a situação dos Biden na China era ainda “mais grave” do que na Ucrânia – para que investigassem Joe Biden e o filho relativamente a negócios em terras do gigante asiático.
Esta declaração está a ser vista como prova de que Trump deixou de tentar preservar os valores mais básico da democracia americana e a reações no Twitter surgiram dos lugares mais insuspeitos. “O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está a usar o poder da sua Administração para interferir nas eleições de 2020”, acusa a MSNBC.
A estação faz notar que esta é a admissão na primeira pessoa das acusações que estão a fundamentar o inquérito lançado dela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, com vista ao processo de impeachment do Presidente.
Here’s the clip in all its glory. pic.twitter.com/KRJ405yzpQ
— Ahmed Baba (@AhmedBaba_) October 3, 2019
A estação norte-americana aponta ainda um outro episódio com base na informação de duas fontes que estarão a par de um telefonema do Presidente Trump para o seu homólogo chinês, Xi Jinping: Trump terá prometido manter-se quieto em relação à situação em Hong Kong em troca de um avanço nas relações comerciais entre os dois gigantes mundiais. A reação manteve-se também aqui: as negociações não se mexeram.
A CNN lembra como, na mecânica do Conselho de Segurança, a China procura afastar-se das questões dos Direitos Humanos e enquadrar as questões o mais possível segundo os objectivos do desenvolvimento económico.
No mês passado, Pequim fez questão de reafirmar claramente o seu posicionamento nas Nações Unidas: “Para que as relações entre a China e os Estados Unidos permaneçam estáveis, é muito importante que nos respeitemos mutuamente no que diz respeito à soberania [territorial] de cada um, modelo social e de desenvolvimento, e procurar não impor ao outro a vontade de cada um”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi.