Pequim diz ter expulsado navio dos EUA das suas águas territoriais

por RTP
O destroyer "John McCain" Reuters

O Governo chinês reagiu com veemência à entrada, na quinta feira, de um vaso de guerra norte-americano no que considera as suas águas territoriais, a poucas milhas do arquipélago das Spratly. O incidente vem agravar a tensão entre a China e os EUA, já ao rubro devido à crise com a Coreia do Norte.

Wu Qian, um porta-voz do Ministério da Defesa chinês, citado no diário oficioso Remnin Ribao, o destroyer "John S. McCain" foi expulso das águas territoriais por duas fragatas chinesas identificadas como "Huaibei" e "Fushun". O mesmo porta-voz sublinhou que a intenção óbvia dos EUA de marcar presença em águas territoriais chinesas pode em qualquer altura produzir incidentes no ar e no mar.

Qian referiu também que, em geral, as relações entre Forças Armadas da China e dos EUA têm sido "estáveis", mas que acções provocatórias norte-americanas minam a confiança mútua e dificultam o desenvolvimento dessas relações.

O incidente não é o primeiro na controvertida e disputada região das Spratly, designadas pela China como ilhas Nansha. Só naquilo que vai do curto mandato presidencial de Trump, é já a terceira vez que alguma unidade da marinha de guerra norte-americana entra naquelas águas  - águas territoriais chinesas, segundo a interpretação de Pequim.

O que tem de potencialmente explosivo a incursão do destroyer "John S. McCain" é o facto de coincidir com a crise em torno da Coreia do Norte. O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, citado pela agência oficiosa Xinhua, acusou a incursão de violar o direito marítimo internacional e a lei chinesa, bem como de "ameaçar seriamente" a segurança chinesa. O Governo chinês diz-se "muito aborrecido" com o incidente e anuncia a intenção de discuti-lo com os EUA pelos canais adequados.

Segundo Geng Shuang, um porta-voz do MNE chinês, o navio rondou o recife Meiji sem autorização do Governo de Pequim. O mesmo funcionário acrescentou que a Marinha chinesa detectou o navio norte-americano, advertiu-o e expulsou-o.

O mesmo porta-voz afirmou que "um movimento como este atenta contra a soberania e a segurança da China, e põe em grave perigo a segurança das pessoas envolvidas dos dois lados". E, seguidamente, reiterou: "A China detém uma soberania indiscutível sobre as Ilhas Nansha e as suas águas adjacentes".

Shuang louvou os esforços conjuntos da China e dos membros da ASEAN (Association of Southeast Asian Nations) para distender e estabilizar a situação no Mar do Sul da China, nomeadamente com a adopção de um Código de Conduta durante o recente encontro entre ministros dos Negócios Estrangeiros dos paises membros da ASEAN e da China.

Contrastando com estes esforços de estabilização, prosseguiu, aludindo obviamente aos EUA, outras potências continuam a ingerir-se na região a pretexto da "liberdade de navegação". E rematou: "Fica claro que não quer establilidade no Mar do Sul da China e quem é o principal factor que pressiona pela militarização no Mar do Sul da China".

Shuang advertiu, finalmente, que "a China está firmemente decidida a salvaguardar a sua soberania territorial e os seus interesses marítimos". Ameaçou também que qualquer nova provocação norte-americana obrigaria a China a tomar medidas para reforçar a sua capacidade de defesa do território.

O Pentágono apenas comentou que todas as manobras naquela região se têm realizado em conformidade com as leis internacionais.
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