Polícia moçambicana impede entrada de 33 pessoas que iriam juntar-se a grupos armados

por Lusa

A Polícia da República de Moçambique (PRM) anunciou hoje que impediu a entrada em Cabo Delgado de 33 pessoas que supostamente iam juntar-se aos grupos armados que têm protagonizado ataques naquela província do norte de Moçambique.

"Trata-se de um grupo que estava a caminho de Macomia, em Cabo Delgado, saindo de Nampula, província vizinha, e sem razões claras", explicou à Lusa o porta-voz da PRM na província de Cabo Delgado, Augusto Guta.

Os integrantes do grupo, que saía da localidade de Memba, zona costeira de Nampula, dizem que iam a Cabo Delgado para pescar, alegando que a província tem melhor disponibilidade de recursos pesqueiros.

"Eu não fui recrutado por ninguém. Queria ir pescar apenas", disse um dos membros do grupo, citado hoje pelo canal televisivo STV.

O porta-voz da PRM em Cabo Delgado admitiu que a polícia não tinha nenhum elemento que ligasse as 33 pessoas ao grupo armado que tem protagonizado ataques em Cabo Delgado.

"Não havia nenhuma prova e por isso as pessoas foram levadas de volta às suas residências. Mas sabemos que há muitas informações falsas sobre oportunidades em Cabo Delgado que têm sido usadas para aliciar as pessoas", explicou Augusto Guta.

Povoações remotas da província de Cabo Delgado, situada entre 1.500 a 2.000 quilómetros a norte de Maputo, têm sido saqueadas com violência por desconhecidos desde outubro de 2017, provocando um número indeterminado de mortos e deslocados.

Os grupos que têm atacado as aldeias nunca fizeram nenhuma reivindicação nem deram a conhecer as suas intenções, mas investigadores sugerem que a violência está ligada a redes de tráfico de heroína, marfim, rubis e madeira.

Os ataques acontecem numa altura em que avançam os investimentos de companhias petrolíferas em gás natural na região, mas sem que até agora tenham entrado no perímetro reservado aos empreendimentos.

Tópicos
pub