Polícias belga e catalã trocaram dados sobre imã de Ripoll em 2016

por RTP
A troca de informações entre a polícia da cidade flamenga de Vilvoorde e "as altas patentes dos Mossos d'Esquadra" nunca chegou aos serviços do Ministério espanhol do Interior Albert Gea - Reuters

A polícia da cidade belga de Vilvoorde esteve em contacto, em março do ano passado, com um chefe da polícia da Catalunha. A troca de comunicações teve por base suspeitas que incidiam sobre Abdelbaki es Satty, o imã de Ripoll apontado como mentor do atentado de Barcelona.

O jornal espanhol El País revela que a polícia belga tomou a iniciativa de contactar os Mossos d'Esquadra em março de 2016. Abdelbaki es Satty estaria então em Vilvoorde, na Bélgica. Uma cidade frequentemente apontada como um dos maiores ninhos europeus de extremistas islâmicos. Pouco depois do primeiro alerta da polícia belga, Es Satty instalar-se-ia como imã em Ripoll, na Catalunha.


O diário El País escreve que Daniel Canals, chefe da Unidade de Análise Estratégica do comando geral de informações da polícia catalã, terá respondido por email às suspeitas, emanadas de Vilvoorde, de "possíveis ligações terroristas" do imã.

A 8 de março do ano passado Canals redarguia que Abdelbaki Es Satty "não era conhecido", acrescentando, todavia, que uma pessoa com o mesmo apelido havia sido investigada por presumíveis "ligações a extremistas islâmicos".

Este outro suspeito era Mustafa Es Satty, imã numa mesquita de Vilanova i la Geltrú, em Barcelona, e familiar de Abdelbaki. Mustafa morou num apartamento usado por dois elementos envolvidos nos atentados de 11 de março de 2004 na capital espanhola.
"Fora do radar"
A partir de fontes ligadas ao contraterrorismo, o jornal espanhol adianta que que esta troca de informações entre a polícia da cidade flamenga de Vilvoorde e "as altas patentes dos Mossos d'Esquadra" nunca chegou aos serviços do Ministério espanhol do Interior, tão-pouco à Polícia Federal da Bélgica.

El País lembra que todas as estruturas policiais haviam referido, até ao momento, que Abdelbaki Es Satty estava "fora do radar". E que não existiam quaisquer indícios de "radicalização".

"Mesmo assim, esta comunicação evidencia que os Mossos d'Esquadra receberam um alerta sobre a possível fanatização de Es Satty, que, além do mais, esteve preso entre 2010 e 2014 por tráfico de drogas", lê-se na edição online da publicação espanhola.

O imã de Ripoll morreu na explosão ocorrida em Alcanar na véspera do atentando nas Ramblas, em Barcelona, que provocou 15 vítimas mortais, entre as quais duas portuguesas.

c/ Lusa
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