Pompeo assume controlo de danos após cimeira Trump-Putin

por RTP
Pompeo disse que Washington não permitirá que as autoridades russas interroguem ou mantenham sob custódia cidadãos norte-americanos Leah Millis - Reuters

O secretário de Estado dos Estados Unidos afirma acreditar que, no futuro, a Rússia tentará enfraquecer as democracias mundiais. Os comentários de Mike Pompeo surgem poucos dias depois de o Presidente norte-americano se ter encontrado com Vladimir Putin em Helsínquia, uma cimeira que tem custado pontos a Donald Trump nos gráficos de aprovação.

"Estou confiante de que os russos tentarão prejudicar a democracia ocidental em 2017, 2018, 2019 e por muito tempo", disse Pompeo em entrevista à Fox News.
"Faz parte da nossa responsabilidade, enquanto líderes do Governo dos Estados Unidos, fazer tudo o que pudermos para impedi-los de interferir não só nas eleições mas no geral”, disse Pompeo.
Em conferência de imprensa com Putin, na passada segunda-feira, o Presidente norte-americano acabou por se demarcar dos serviços de informações dos Estados Unidos e dos dados que situam o Kremlin no centro de uma presumível operação de ingerência na eleição presidencial de 2016. 

No entanto, no dia seguinte, Trump viria alegar que se teria expressado mal.

"O Presidente entende o que a Rússia fez nas nossas eleições de 2016 e autorizou que cada um de nós garanta que a mesma situação não aconteça novamente nas eleições de 2018 ou 2020 nos Estados Unidos", acentuou o chefe da diplomacia norte-americana.

Mike Pompeo acredita que o problema remonta à era soviética e indica que alguns estão a tentar torná-lo uma questão partidária. 

"Não foi apenas a eleição de 2016. De alguma forma, a América parece estar esquecida das tentativas da Rússia para destruir a democracia ocidental há décadas", acrescentou.

Pompeo considerou ainda “absurdas” as alegações de que Putin tem informações comprometedoras sobre Trump.Trump convida Putin
Embora a Casa Branca tenha passado três dias a tentar limpar as consequências políticas da cimeira, Donald Trump mantém a tese de que a reunião com o líder de Moscovo foi um "grande sucesso".


Os planos para uma segunda reunião entre os presidentes estão em andamento, mas desta vez em Washington. A visita de Putin, apontada para o final deste ano, foi aventada pela porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders.


O diretor dos serviços de informações dos Estados Unidos, Dan Coats, diz ter sido apanhado de surpresa, quando foi informado sobre a próxima reunião dos líderes durante uma entrevista no Aspen Security Forum, no Estado do Colorado.Os dois líderes realizaram a cimeira na segunda-feira, mas surgiram poucos detalhes sobre o que discutiram.

Também o líder dos democratas no Senado norte-americano, Chuck Schumer, pediu a Trump que revelasse o que discutiu com Putin durante a cimeira.

"Até sabermos o que aconteceu naquela reunião de duas horas em Helsínquia, o Presidente não deveria ter mais interações cara a cara com Putin", disse Schumer em comunicado. "Nos Estados Unidos, na Rússia ou em qualquer outro lugar”, salientou.
Proposta do Kremlin rejeitada

O Kremlin acusa vários cidadãos norte-americanos de "atividades ilegais" na Rússia, alegações que Washington nega. A ideia de permitir que uma potência estrangeira pudesse interrogar cidadãos dos Estados Unidos provocou indignação e o Senado dos Estados Unidos votou contra.Pompeo disse que Washington não permitirá que as autoridades russas interroguem ou mantenham sob custódia cidadãos norte-americanos.

A versão oficial é agora a de que o Presidente dos Estados Unidos "discorda" da proposta, por parte de Putin, de que a Rússia possa interrogar cidadãos norte-americanos, em troca do acesso a 12 russos acusados pelos Estados Unidos de interferência nas eleições e pirataria informática.

Michael McFaul, um crítico do Presidente Russo que foi embaixador dos EUA em Moscovo, sob a Administração Obama, é um dos cidadãos norte-americanos que Putin quer interrogar.


Também o investidor norte-americano Bill Browder, que pressionou o Governo Federal a impor novas sanções à Rússia, figura entre os alvos do Presidente russo.

"Entregarem-me a Putin é o mesmo que me entregar à morte", disse Browder à CNN.
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