Pompeo defende na ONU "direitos inalienáveis" contra "novos" direitos humanos

por Lusa

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, defendeu hoje na ONU os "direitos inalienáveis", uma fórmula controversa promovida pelos Estados Unidos para denunciar a proliferação de "novos direitos" humanos.

À margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, os Estados Unidos organizaram uma sessão virtual consagrada aos Direitos Humanos.

"O projeto internacional em defesa dos Direitos Humanos está em crise. Os governos autoritários, da China, Irão e Venezuela, privam os nossos semelhantes de seus direitos fundamentais", considerou Pompeo, que falava num vido pré-gravado.

No entanto, Pompeo foi mais longe, ao questionar o conceito tradicional dos Direitos Humanos.

"Durante todo este tempo, muitas organizações multinacionais desviaram-se, concentrando-se nas preferências políticas partidárias sem realmente defenderem os direitos fundamentais. Numerosas pessoas bem-intencionadas proclamaram mesmo novos direitos inventados, que, muitas vezes, dificultam a defesa dos direitos humanos universais", sustentou.

A crítica, escreve a agência France-Presse, não é nova da parte da Administração Trump, que já retirou os Estados Unidos do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, depois de denunciar, em particular, o alegado "preconceito" anti-Israel.

Mas o chefe da diplomacia norte-americana insistiu em apresentá-la às próprias Nações Unidas.

Nesse sentido, invocou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948, pela própria Assembleia Geral da ONU, e em que são mencionados os direitos "inalienáveis" de "todos os membros da família humana".

E foi precisamente em nome desses "direitos inalienáveis" que Pompeo começou, nos últimos anos, a distanciar-se do conceito de Direitos Humanos, tendo criado no Departamento de Estado norte-americano uma Comissão dos Direitos Inalienáveis, que já apresentou um primeiro relatório.

Várias organizações não-governamentais acusaram Pompeo de não perder uma ocasião para invocar a sua fé de cristão evangélico para restringir o campo dos Direitos Humanos recorrendo a uma interpretação restrita, inspirada nas crenças religiosas, em detrimento, por exemplo, dos direitos das minorias sexuais ou do direito ao aborto.

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