Porta-voz do Governo francês fala de "vitória amarga" de Merkel

por Lusa

Paris, 25 set (Lusa) -- O porta-voz do Governo francês, Christophe Castaner, considerou hoje que Angela Merkel teve uma "vitória amarga" nas eleições de domingo, face a uma extrema-direita "muito violenta, muito dura, muito radical".

"Antes de mais é preciso saudar a vitória de Angela Merkel. É a quarta e, em França, quando vemos um chefe de Governo ganhar quatro vezes achamos admirável", disse o porta-voz à rádio RMC e à televisão BFMTV.

"Seguidamente, vemos claramente que é uma vitória amarga. É amarga porque vê crescer uma extrema-direita muito violenta, muito dura, muito radical, na Alemanha ainda mais que noutro lado. É marcante", acrescentou.

O partido de extrema-direita alemão Alternativa para-a Alemanha (AfD) conseguiu uma vitória histórica nas legislativas de domingo ao assegurar a entrada direta no parlamento federal e, com isso, desfazendo um tabu no país, que, nas palavras de Merkel, está perante "um novo desafio".

A União Democrata-Cristã (CDU) de Angela Merkel, no poder há 12 anos e 3 mandatos, venceu as legislativas alemãs, mas sai enfraquecida tanto pela subida da extrema-direita, como pelo baixo resultado, 33%, que a obrigará a negociações para uma coligação com Verdes e Liberais, depois da recusa dos sociais-democratas em repetir a grande coligação do último mandato.

Os Liberais, potenciais parceiros de coligação, advertiram antes da campanha e novamente no domingo que se opõem ao projeto de um orçamento da zona euro, como defende o Presidente francês, Emmanuel Macron.

"É essencial, na relação franco-alemã, haver este motor que permite mudar as coisas ao nível europeu e Emmanuel Macron, que trabalhou com ela, vai apresentar um roteiro para transformar profundamente a Europa", disse o porta-voz.

Macron deverá fazer um discurso sobre a Europa na terça-feira na Universidade da Sorbonne, em Paris.

"A ideia é simples: se queremos precisamente lutar contra os nacionalismos, os populismos em cada um dos nossos países, precisamos de uma Europa poderosa, que protege, que liberta. Não é o que se passa, pelo que é preciso reinventar a Europa", disse.

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