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Porto e aeroporto de Sanaa reabrem no Iémen para ajuda humanitária

por RTP
O porto iemenita de Hodeida, no Mar Vermelho, a 7 de novembro de 2017 Abdul Jabbar Zeyad - Reuters

Ao fim de duas semanas, a pressão da ONU resultou. A coligação militar liderada pela Arábia Saudita levantou suficientemente o bloqueio imposto ao aeroporto de Sanaa e ao porto de Hodeida, a oeste, para permitir a passagem de auxílio humanitário.

"O porto de Hodeida vai ser reaberto para receber alimentos e auxílio humanitário e o aeroporto de Sanaa vai ser aberto aos voos das Nações Unidas com auxílio humanitário", revelou agora um comunicado da coligação militar publicado na agência oficial de notícias saudita, SPA.

A decisão tem efeitos a partir de dia 23 de novembro.

Depois de um primeiro alerta, na semana passada três agências da ONU - a Organização Mundial de Saúde, OMS, a Unicef e o Programa Alimentar Mundial, PAM - alertaram para a possibilidade de milhares de pessoas perecerem no Iémen, devido à falta de auxílio alimentar e de medicamentos.

"Mais de 20 milhões de pessoas, entre as quais mais de 11 milhões de crianças, necessitam urgentemente de assistência humanitária", referiram no comunicado.

Estariam em risco especial 400 mil crianças.

Tanto o aeroporto como o porto de Hodeida são controlados pelas milícias xiitas Houthi, alegadamente apoiadas pelo Irão, que combatem o Governo local sunita aliado da Arábia Saudita.

A coligação liderada por Riade foi formada para auxiliar as tropas Governamentais iemenitas e impedir que as milícias xiitas Houthi assumissem o controlo total do país. A guerra civil dura desde março de 2015, já fez milhares de mortos e provocou doenças e fome generalizadas.

A coligação árabe impôs um bloqueio total aéreo e marítimo ao Iémen depois do lançamento sobre Riade, dia 4 de novembro, de um míssil. Riade acusa as milícias imenitas e afirma que o engenho partiu do aeroporto de Sanaa.

A Arábia Saudita exigiu então um controlo mais apertado de tudo o que entra no Iémen, incluindo ajuda humanitária, para impedir o fornecimento de armamento e apoio logístico às milícias xiitas a partir do Irão.

Na semana passada a coligação autorizou os voos internacionais e abriu o porto de Aden, no sul do país e sede atual do Governo sunita do Iémen. Manteve encerrada a estrada que liga Aden a Sanaa, para garantir que os Houthi não receberiam armamento por essa via.

Esta quarta-feira, a ONU confirmou ter sido notificada pelas autoridades sauditas da reabertura dos portos de Hodeida e de Saleef e do aeroporto de Sanaa, decidida para quinta-feira.

"Seguimos estes desenvolvimentos no terreno para ver se isto irá acontecer", afirmou o porta-voz Farhan Haq, na sede da ONU, em Nova Iorque. "Claro, se for realmente assim, seria um desenvolvimento muito bem vindo e de importância capital", acrescentou.

A ONU afirma que no Iémen se vive "a prior crise humanitária do planeta", sublinhando que, desde março de 2015 morreram mais de 8 mil e 759 pessoas e cerca de 50.600 ficaram feridas, entre as quais numerosos civis.

Os 15 países membros do Conselho de Segurança já expressaram a sua inquietação diante da "situação humanitária catastrófica" que ali se vive, sublinhando a "importância de manter em funcionamento todos os portos e aeroportos do Iémem", para garantir o auxílio humanitário junto das populações.

A coligação liderada pelos sauditas invocou no comunicado a sua vontade de "aligeirar o sofrimento do povo iemenita".
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