Portugal assinala no Brasil Dia Mundial do Vinho a pensar no futuro

por Lusa
Portugal procura alargar as exportações de vinho para o Brasil D.R.

A Embaixada de Portugal no Brasil vai assinalar o Dia Mundial do Vinho com uma conversa com enólogos portugueses radicados no país, onde se consome cerca de 20 vezes menos vinho do que em Portugal.

Na conversa com os dois enólogos, nas redes sociais da Embaixada, vai ser também abordado, entre outros, o tema de "Portugal servir de alguma maneira de montra para os vinhos brasileiros, a começar pela Europa", explicou à Lusa o Embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos.

Uma realidade ainda distante, já que na opinião do diplomata, que será também o moderador da iniciativa, "o brasileiro parece que tem alguma timidez em promover o seu próprio produto".

Inversamente, os dois enólogos portugueses mostraram-se seguros de que o crescimento do vinho português no Brasil tem um grande potencial e será uma realidade nos próximos anos.

Miguel Almeida, vive no Brasil há 15 anos e trabalha numa vinícola brasileira, na Miolo. Ricardo Henriques, é enólogo do Rio Sol, cuja a empresa mãe é portuguesa, mas que também produz vinhos no Brasil.

Em 2021 o valor exportado de vinhos de Portugal para o Brasil foi de cerca de 74 milhões de euros, um aumento de 8,7% em relação a 2020.

"O vinho português tem vindo a ganhar escala no Brasil. Atualmente só perde para o Chile. Em volume perde para o Chile e Argentina, mas em valor só perde para o Chile", explicou à Lusa o enólogo Ricardo Henriques.

Vinho português no Brasil

Para reforçar, Miguel Almeida recordou a história da chegada do vinho ao Brasil.

"Foram os portugueses que trouxeram a primeira casta. Reza a lenda que o primeiro vinhedo brasileiro foi trazido por Brás Cubas, em 1532, no litoral de São Paulo", disse, acrescentando, contudo, que a realidade vinícola brasileira foi constituída pela colonização italiana.

"A área da vinha brasileira ainda é pequena", com 120 milhões de quilos de área de vinha, considerou.

As realidade de consumo dos dois países estão ainda em polos muito distantes, separados pelo Atlântico: no ano passado o brasileiro consumiu em média 2,4 litros de vinhos, já o português consumiu mais de 50.

Ainda assim, cresceu cerca 0,7 litros em apenas um ano, frisou Miguel Almeida.

Já Ricardo Henriques notou um "aumento de consumo de vinho brasileiro pelo próprio brasileiro", mas que tal não comprometeu "de forma alguma o crescimento dos vinhos portugueses assim como o seu consumo".

"Existe uma janela muito grande de consumidores", frisou.

Ao contrário, disse Ricardo Henriques, a venda de vinhos brasileiros para Portugal é "mais difícil por uma questão cultural".

"Os países que tradicionalmente produzem vinho na Europa são muito bairristas, consomem aquilo que é nacional", sublinhou.

Contudo, a aposta deve continuar a ser feita e que a ligação que Portugal tem com o Brasil "pode ser a plataforma, não só para os vinhos, para outros produtos brasileiros", salientou.

 

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