Portugal e Grécia assinam declaração contra austeridade na Europa

por Sandra Salvado - RTP
Alkis Konstantinidis - Reuters

António Costa e Alexis Tsipras assinaram esta segunda-feira uma declaração conjunta em que prometem cooperar, sobretudo, na resposta à crise migratória e onde criticam as consequências das políticas de austeridade na Europa. Uma visita que tem como tema central a questão dos refugiados.

Numa visita que tem como tema central a questão dos refugiados e que resulta de um convite feito pelo chefe do Governo grego, António Costa estará em Atenas acompanhado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.
Altos níveis de desemprego e pobreza
No documento agora assinado pelos dois membros do Governo, Alexis Tsipras e António Costa consideram que as políticas de austeridade adotadas nos últimos anos contribuíram para "deprimir as economias e dividir as sociedades" nos Estados-membros da União Europeia onde foram aplicadas.

Costa e Tsipras adiantaram ainda que a austeridade gerou "altos níveis de desemprego" e de "pobreza".

"Com o crescimento da desigualdade social e da pobreza, os nossos países e a Europa enfrentam um longo período de estagnação económica", pode ler-se no documento, citado pela agência Lusa.

António Costa já esteve também reunido com o presidente grego, Prokópis Pavlópoulos e esta tarde visita o campo de refugiados de Eleonas, em Atenas, considerado um dos melhores do país.

Sandra Machado Soares - RTP

António Costa diz que a europa tem dado alguns passos em direção à união económica mas que ainda há muito por fazer. O primeiro-ministro português compara os programas de ajustamento a curar apenas o sintoma de uma doença mas não a curar totalmente.

"Nós temos todos beneficiado muito de uma atuação do Banco Central Europeu, que não existia em 2010, e que graças a isso houve uma redução geral das taxas de juro, no conjunto da zona euro (...) mas não nos devemos deixar iludir de que essa redução significou que o problema estrutural da assimetria das economias ficou ultrapassado e que não necessitamos de ter um instrumento e um novo impulso para a convergência económica. Seria um erro pensarmos isso", frisou António Costa.

Já Alexis Tsipras diz que o exemplo de Portugal em sair do programa de ajustamento dá esperança à Grécia.
As causas do fenómeno
Em relação ao fenómeno dos refugiados, os chefes de Governo salientam que a Europa enfrenta um "enorme desafio" desde o ano passado, importando combater as "causas" deste fenómeno.

"Neste contexto, Grécia e Portugal vão cooperar para fazer com que a União Europeia dê os passos necessários para a efetivação de uma política migratória efetiva nas suas fronteiras externas", refere a declaração conjunta, assinada esta segunda-feira.

Os dois primeiros-ministros condenaram ainda o terrorismo e mostraram-se disponíveis para cooperar ao nível de uma política externa de segurança comum.

Numa entrevista dada, este domingo, ao jornal grego Ekathmerini, António Costa já tinha dito que a Europa é a resposta para as preocupações. "Acreditamos que a solução para as nossas preocupações comuns que enfrentamos requer mais Europa e não menos Europa, e, nesse processo, não deve haver frentes de alguns países contra ou a favor de outros”.


Questionado sobre se o anúncio da intenção de Portugal receber mais migrantes do que os que tinha inicialmente previsto foi feito para obter uma maior margem negocial com a Europa, António Costa negou que essa fosse a razão. "Vamos acolher mais refugiados por convicção, não por conveniência (…) Porque achamos que é certo e sabemos que é possível”.

"A complexidade dos problemas que o mundo está a enfrentar não permite que Portugal, Grécia ou até a Alemanha abordá-los de forma unilateral ou isolada", afirmou o primeiro-ministro.


c/ Lusa
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