Portugueses detidos. Caracas afirma que "impera Estado de Direito"

por Carlos Santos Neves - RTP
“Na Venezuela impera o Estado de Direito e de Justiça”, reagiu o ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreaza Carlos Garcia Rawlins - Reuters

O Governo venezuelano reagiu nas últimas horas às tomadas de posição de Lisboa perante a detenção de gerentes de cadeias portuguesas de supermercados com o argumento de que, naquele país sul-americano, “impera o Estado de Direito e de Justiça”. Caracas sublinha, ao mesmo tempo, o que considera ser “o alto valor da comunidade portuguesa”.

Depois de o Ministério português dos Negócios Estrangeiros ter chamado o embaixador da Venezuela em Lisboa e de o Presidente da República ter emitido uma nota de preocupação, face à detenção de 38 gerentes de supermercados (34 permaneciam ontem encarcerados), o chefe da diplomacia venezuelana recorreu ao Twitter para reagir publicamente.

“Na Venezuela impera o Estado de Direito e de Justiça. As suas instituições investigam qualquer delito que se cometa, sem se preocuparem com a origem ou a procedência dos suspeitos, garantindo sempre o devido processo e acesso à justiça”, escreveu o ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros na rede social.


Num outro texto, Jorge Arreaza assinala que “o Governo Bolivariano da Venezuela partilha com o Governo de Portugal o alto valor da comunidade portuguesa” no país.

“São mais de 400 mil luso-venezuelanos honestos, trabalhadores, muito apreciados e respeitados pelo povo da Venezuela”, aponta o governante, que lembra ainda o “tratamento especial e diferente” que o poder executivo venezuelano “ofereceu sempre à comunidade portuguesa”.


“Ações individuais ou de um pequeno grupo de empresários jamais ofuscarão o brilho e qualidades de tão querida comunidade”, acentua Arreaza.
“Grande preocupação”
O gabinete de Augusto Santos Silva adiantou no sábado que convocou o embaixador venezuelano em Lisboa, Lucas Rincón Romero, a quem transmitiu a “grande preocupação” do Governo português face às detenções de quase 40 gerentes de cadeias portuguesas de supermercados, entre os quais cidadãos nacionais ou lusodescendentes.Um tribunal venezuelano decidiu entretanto manter em prisão preventiva dez portugueses e lusodescendentes acusados de impedir o abastecimento de produtos básicos e de violarem leis de regulação de preços.

Os detidos são acusados de ocultarem produtos e de alteração de preços na vigência do programa de reabilitação da economia implementado pelo Presidente Nicolás Maduro.

Também Marcelo Rebelo de Sousa fez publicar uma nota, no portal da Presidência da República, a expressar preocupação com este caso e a sublinhar que Belém está a acompanhar “a posição e as diligências promovidas pelo Governo”.

Ao início da noite, em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, garantia que seriam levadas a efeito “todas as diligências” para prestar apoio aos portugueses e lusodescendentes detidos em solo venezuelano: dez dos 38 gerentes de supermercados.

José Luís Carneiro adiantou que o ministro dos Negócios Estrangeiros têm encontro marcado com o homólogo da Venezuela na próxima semana, à marem da Assembleia Geral das Nações Unidas.

O secretário de Estado vai deslocar-se a breve trecho à Venezuela para prosseguir um “diálogo profundo” e “continuar a garantir mecanismos de apoio e proteção àqueles que estão a viver momentos de grandes e profundas dificuldades”.

c/ Lusa
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