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PR são-tomense pede união política no dia dos 45 anos de independência

por Lusa

O Presidente são-tomense, Evaristo Carvalho, apelou hoje a "um entendimento político nacional", para que avancem as reformas necessárias e se encontrem soluções para os problemas do país, no dia em que assinala 45 anos de independência.

No ato solene que assinalou no palácio presidencial a efeméride mais importante do país, Evaristo Carvalho defendeu que a união política é fundamental para que o "poder possa empreender as grandes reformas necessárias, com a participação da oposição e envolvimento da sociedade civil, na busca de soluções para os grandes problemas nacionais".

Num olhar sobre os 45 anos da independência, o chefe de Estado afirmou que o país tem uma função pública com "excesso de pessoal e pouco eficiente, devido à falta de rigor, indisciplina e com evidentes sinais de corrupção de um bom número de seus agentes".

O Presidente destacou a "fraca autoridade do Estado, e indisciplina na sociedade com níveis preocupantes, em larga medida como resultado da existência de muitos responsáveis colocados em níveis de decisão não assumirem as suas responsabilidades, descartando-as de forma inadmissível".

Apesar das fragilidades, Evaristo Carvalho acredita que "é perfeitamente possível as ilhas terem uma economia robusta, pleno emprego, assente na agricultura e na prestação de serviços, incluindo o turismo", mas lamentou que a "excessiva politização e partidarização" da administração pública desencoraje muitos quadros competentes e os leve a emigrar.

O chefe de Estado defendeu a reforma das Forças de Defesa, Segurança e Ordem Interna, "dando origem a uma estrutura moderna, voltada principalmente para a segurança das pessoas e bens, assim como da Zona Económica Exclusiva".

Sublinhando que São Tomé e Príncipe é uma democracia consolidada após 45 anos de independência, o Presidente da República referiu os progressos alcançados em setores como a educação e a saúde, sublinhando, no entanto, a necessidade de sua "consolidação".

"Reduzimos drasticamente o analfabetismo, a taxa de alfabetização no país situa-se entre as maiores do continente africano, massificámos o ensino, desenvolvemos uma rede de estabelecimentos de ensino pré-escolar e básico em toda a extensão do território nacional. Praticamente todas as crianças em idade escolar estão inseridas no sistema", acrescentou.

O Presidente referiu ainda que os diferentes indicadores de saúde revelam, na sua maioria, "avanços significativos, colocando São Tomé e Príncipe entre os melhores em África", com uma esperança média de vida de 65 anos, 10 acima da média africana, mas assumiu que "a prestação dos cuidados é ainda de nível baixo e não satisfaz as necessidades da população".

O chefe de Estado também lamentou a situação da agricultura, sublinhando que, apesar dos progressos alcançados na implementação do cacau biológico, a produção dos três principais produtos de exportação à data da independência, designadamente o cacau, copra e café, "baixou dramaticamente".

"A pesca, apesar de muitas ajudas recebidas no âmbito da cooperação internacional, é um setor que registou poucas melhorias", afirmou ainda.

Evaristo Carvalho disse que os pescadores continuam a realizar a faina pesqueira com o mesmo tipo de embarcação e equipamentos de 1975, e até mesmo de muitos anos antes da independência.

O chefe de Estado entende que "os níveis de produção da pesca artesanal continuam baixíssimos", porque "o país não desenvolveu capacidades para captura, transformação e exportação de tunídeos e outras espécies de pescado" que abundam na Zona Económica Exclusiva são-tomense.

Sobre a Justiça, Evaristo Carvalho reconheceu que "não inspira confiança aos cidadãos".

"Apesar dos múltiplos apelos já feitos, e oriundos de toda a parte, parece-me ser necessário, mais uma vez, relembrar aos seus agentes, a todos os níveis, que o que o país espera deles está muito longe do que estão a oferecer à nação", disse o Presidente.

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