Praga de hipopótamos assola a Colômbia

por RTP
Os hipopótamos de Pablo Escobar Reuters

Os hipopótamos que Pablo Escobar levara para fazer no seu país natal um jardim zoológico privado cresceram e multiplicaram-se. Escobar foi morto há mais de duas décadas, mas os seus hipopótamos continuam a ser uma dor de cabeça.

Escobar tinha comprado em 1979 uma grande quinta de 3.000 hectares, em que concentrou grande parte das suas actividades. Aí tinha um heliporto, um aeroporto, alojamento para mais de cem pessoas, seis piscinas, lagos artificiais, pistas de dança. Aí organizava espectáculos e eliminou também alguns indivíduos que tinham caído em desgraça.

E, entre todos os atractivos da quinta, aí organizou também um jardim zoológico. Para tanto, comprou leões, elefantes, zebras, gazelas e rinocerontes. Mas nenhuma espécie se aclimatou tão bem como os hipopótamos encomendados na Califórnia.

Depois de Escobar ser abatido pela polícia, em 1993, os hipopótamos continuaram a prosperar e hoje calcula-se que constituam uma colónia de uns 35 indivíduos - segundo o biólogo Echeverri López, a maior colónia conhecida a viver em liberdade fora de África. Ainda segundo López, citado em Der Spiegel, esta história de sucesso na adaptação da espécie explica-se em parte pela ausência de inimigos naturais eficazes.

Por outro lado, o biólogo nota que os hipopótamos constituem uma ameaça à diversidade das outras espécies, por atacarem outros animais da fauna local e por serem portadores de doenças potencialmente letais para essa outra fauna. López e outros biólogos procuram, em colaboração com organizações ambientalistas, colocar barreiras físicas ao expansionismo dos hipopótamos - que já chegaram a ser encontrados a 150 quilómetros do núcleo original da quinta de Escobar.

Um outro biólogo, Leon, precisa que os possantes animais até aqui não atacaram seres humanos, mas já têm deixado um rasto de destuições nas aldeias ribeirinhas do rio Magdalena e têm sido causadores de poluição devido aos seus excrementos.

A inexistência até aqui de ataques dos hipopótamos aos vizinhos humanos não deve, contudo, ser pretexto para afrouxar a vigilância. Nesse sentido, o Comité Interinstitucional de Flora y Fauna Silvestre de Antioquia lançou um apelo à população para tomar precauções excepcionais.

Segundo o apelo, "estes animais são de temperamento altamente agressivo, especialmente quando se sentem ameaçados, e podem causar feridas mortais com os seus grandes dentes, o que, somado à sua grande força e tamanho, os torna extremamente perigosos".

O Comité explica, além disso, o plano em curso, que consiste em capturar os animais para colocá-los em recintos controlados e para esterilizá-los de modo a impedir a sua reprodução.

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