Prémio Sakharov atribuído à oposição na Bielorrússia

por RTP
Os protestos estão na rua há 11 semanas com milhares de pessoas Reuters

O prémio do Parlamento Europeu para os Direitos do Homem foi atribuído à "oposição democrática" ao Presidente Lukashenko na Bielorrússia, liderado pela figura de proa Svetlana Tikhanovskaya, a adversária eleitoral do Presidente.

O anúncio foi feito esta quinta-feira por David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu. “Têm do seu lado algo que a força brutal não poderá jamais vencer: a verdade. Não abandonem o vosso combate. Nós estamos do vosso lado”, escreveu Sassoli num tweet.



"Queria congratular os representantes da oposição da Bielorrússia pela sua coragem, resiliência e determinação, já que encarnam no quotidiano a defesa da liberdade de expressão e pensamento que o prémio Sakharov gratifica, e continuam a mostrar-se fortes perante um adversário muito potente. Aquilo que os ajuda é que a violência nunca poderá ganhar", salientou Sassoli.

Esta candidatura era apoiada pelos principais grupos políticos do Parlamento, o PPE, S&D e Renew Europe e a decisão foi unânime.
O prémio distingue o Conselho de Coordenação da Bielorrússia, qualificado pelo PE como uma "iniciativa de mulheres corajosas e figuras da sociedade civil e política". Integra diferentes personalidades, como a recente candidata à presidência do país, Svetlana Tikhanovskaya, ou a laureada com o prémio Nobel da literatura em 2015, Svetlana Alexijevich.

Os protestos estão na rua há 11 semanas com milhares de pessoas. O presidente do Parlamento Europeu considera que "à medida que aumenta a admiração perante a população bielorrussa", aumenta também a "condenação das represálias violentas de Lukashenko, os seus atos de tortura e de negação da verdade".
Ultimato para domingo
A União Europeia não reconhece os resultados eleitorais de 9 de agosto na Bielorrússia, que deram como vencedor Aleksander Lukashenko, com 80% dos votos. Foi aprovado inclusivamente um pacote de sanções a várias personalidades do regime, incluindo o próprio Lukashenko.
Andrea Neves, correspondente da Antena 1 em Bruxelas 

“A violência nunca prevalecerá sobre a verdade. O Presidente perdeu as eleições e chegou o momento de ouvir a voz do povo”, declarou Sassoli. Lukashenko está no poder desde 1994.

O prémio é entregue num momento para este movimento. A líder da oposição Svetlana Tikhanovskaya deu ao Presidente um ultimato até domingo para que se demita, ameaçando com a convocação de uma greve geral e a uma intensificação das manifestações.

Com o apoio da Rússia, Alexander Lukashenko exclui qualquer concessão de fôlego, prometendo apenas uma vaga revisão constitucional para sair da crise e “encenando” uma espécie de diálogo com os opositores, visitando-os na prisão.

A entrega do prémio está prevista para 16 de dezembro, em Estrasburgo, França.

Além da oposição bielorrussa, eram também finalistas a ambientalista hondurenha Berta Cáceres e os ativistas de Guapinol, e o arcebispo de Mossul (Iraque), Najib Mikhael Moussa.

O laureado de 2019 foi Ilham Tohti, condenado a prisão perpétua na Cina por “separatismo”.

O prémio Sakharov tem o valor de 50 mil euros.

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