Presidente brasileiro promete prioridade para a educação básica

por Lusa

Brasília, 01 jan (Lusa) - O novo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, assumiu hoje, no seu primeiro discurso no Palácio do Planalto, o compromisso de dar prioridade à educação, sobretudo à educação básica.

"Pela primeira vez, o Brasil irá priorizar a educação básica, que é o que realmente transforma o presente e faz o futuro dos nossos filhos", afirmou no discurso, após ter recebido a faixa presidencial, no Palácio do Planalto, em Brasília, ao lado da sua mulher, Michelle Bolsonaro.

O novo Presidente defendeu que o Brasil tem de olhar para "nações que são exemplo em todo o mundo que, pelo meio da educação, encontraram o caminho da prosperidade".

Falando sobre o início da caminhada do seu Governo e do que tem pela frente para fazer, afirmou: "Temos o grande desafio de enfrentar os defeitos da crise económica, do desemprego recorde, da ideologização das nossas crianças, do desvirtuamento dos seres humanos e da desconstrução da família".

Já na véspera da tomada de posse, o Presidente brasileiro ultraconservador Jair Bolsonaro tinha prometido erradicar o que considerava a "porcaria marxista" em que se tornaram as instituições de ensino no Brasil.

Uma das nossas metas para tirar o Brasil das piores posições nos `rankings` internacionais sobre educação é lutar contra o lixo marxista que se instalou nas instituições de ensino", disse o capitão da reserva do Exército Brasileiro, numa mensagem publicada no Twitter.

O líder de extrema-direita acrescentou que o objetivo do Ministério da Educação "será avançar na formação de cidadãos e não na de ativistas políticos".

Para Bolsonaro, a presença do Brasil nos últimos lugares dos `rankings` desenvolvidos por organizações internacionais como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) é o reflexo das políticas do Partido dos Trabalhadores (PT).

O novo Presidente é defensor de uma política conhecida como a "Escola Sem Partido", que tenta evitar que os professores usem a sua situação para compartilhar com os alunos conceitos ideológicos.

Eleito com forte apoio de grupos evangélicos e dos setores mais conservadores do Brasil, Bolsonaro criticou também o PT por promover campanhas contra a homofobia e a igualdade de género nas escolas.

O projeto "Escola Sem Partido", que está dependente de votação no Congresso, prevê a luta contra o uso das salas de aula como um local para transmitir doutrinas partidárias e promover discussões sobre questões como a de género.

Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro prometeu, por um lado, pôr fim aos métodos de ensino que seguem a ideologia do educador brasileiro Paulo Freire e, por outro, promover as escolas militares.

O próximo ministro da Educação será o filósofo colombiano naturalizado brasileiro Ricardo Velez Rodriguez, que, nas suas mensagens nas redes sociais, já antecipou que conceitos como a família e os valores serão os alicerces do sistema.

Antes do primeiro discurso do Presidente no Palácio do Planalto, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, fez uma curta intervenção na qual agradeceu a todos os que apoiaram o marido e manifestaram solidariedade para com a família nos momentos difíceis, ou seja, quando o então candidato presidencial esteve hospitalizado após ter sido esfaqueado durante a campanha.

Michelle Bolsonaro comprometeu-se, como primeira-dama, a "ampliar de maneira mais significativa" o trabalho de ajuda aos mais desfavorecidos, que já vinha desenvolvendo até agora, destacando na sua intervenção em linguagem gestual que nestas eleições os brasileiros "deram voz a quem não era ouvido".

Por último, dirigiu-se "de um modo muito especial à comunidade surda, às pessoas com deficiência e aos desfavorecidos", para dizer que "serão valorizados" e que "terão os seus direitos respeitados".

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