Presidente da Câmara dos Deputados do Brasil quer dialogar com Europa

por Lusa

O presidente da Câmara dos Deputados brasileira, Rodrigo Maia, afirmou na quinta-feira que pretende dialogar com parlamentos de países europeus sobre a Amazónia, acrescentando que não irão ser aprovadas leis contrárias à preservação da floresta.

"Vamos fazer uma visita, primeiro, à embaixada da Grã-Bretanha e pensar na possibilidade do parlamento dialogar com os outros parlamentos da Europa, para deixar claro que a posição do Brasil, como um todo, de todos os brasileiros e também do Presidente (Jair Bolsonaro), é uma posição de respeito pela Floresta Amazónia, e de não deixar que se aprovem leis que possam ir em sentido contrário", disse Maia, numa entrevista ao portal de notícias G1.

Porém, o discurso de abertura para diálogo com a Europa de Rodrigo Maia diverge da retórica do atual executivo do Brasil.

O ministro da Casa Civil brasileiro, Onyx Lorenzoni, disse na quinta-feira que a Europa usa o discurso ambiental e a desflorestação da Amazónia para "confrontar os princípios capitalistas e impor barreiras ao crescimento do Brasil".

"Não podemos ser ingénuos. Os europeus usam a questão do ambiente por duas razões: a primeira, para confrontar os princípios capitalistas. Desde que caiu o Muro de Berlim, uma das vertentes para a qual a esquerda europeia migrou foi para a questão do meio ambiente. E, segundo, impor barreiras ao crescimento e ao comércio com o Brasil, porque eles têm de proteger os seus produtores", acrescentou Onyx Lorenzoni, citado pelo Estadão.

O ministro afirmou ainda que o continente europeu criou dificuldades ao país sul-americano nas últimas décadas devido à febre aftosa e que, como agora a doença está controlada, encontrou outra alternativa para atacar o Brasil.

"Por que [os europeus] têm tanto interesse em criar dificuldades ao Brasil? O Brasil é grande concorrente em `commodities` [matérias-primas como] bens minerais, é o último grande repositório da humanidade em biodiversidade", disse o chefe da Casa Civil, um dos cargos mais importantes no país.

Ao longo de quinta-feira, foram várias as figuras internacionais que se manifestaram preocupadas com os incêndios e desflorestação da Amazónia, como o Presidente francês, Emmanuel Macron e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Porém, para Rodrigo Maia, também o Governo brasileiro partilha dessa preocupação.

"Todos estão preocupados. Eu estive a conversar com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e nós queremos dar uma sinalização clara, junto com o Governo, para que não haja conflitos. Eu acho que isso é o Brasil, o Brasil é mais importante do que ficar discutindo divergências de opinião", completou o presidente da Câmara dos Deputados.

O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.

Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

Ainda segundo o INPE, a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.

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