Presidente do Irão anuncia derrota do Estado Islâmico

por Andreia Martins - RTP
“Nunca imaginámos que tais atos selvagens e criminosos pudessem ser cometidos por potências mundiais, países ocidentais, como os Estados Unidos, ou pelo regime sionista” Stephanie Keith - Reuters

Numa declaração transmitida pela televisão estatal iraniana, Hassan Rouhani anunciou esta terça-feira o fim do grupo terrorista e fala de uma “grande conquista” para o país. O Presidente iraniano liga a ascensão do Daesh ao apoio dos Estados Unidos e da Arábia Saudita, mas também de Israel.

O Presidente iraniano declarou esta terça-feira a erradicação do autoproclamado Estado Islâmico e destacou a importância de Teerão na luta contra o grupo terrorista, a par de Iraque, Síria e Líbano.

Citado pela IRNA, a agência de noticias da República Islâmica, Hassan Rouhani criticou os grupos terroristas, que diz serem apoiados e armados por Washington, mas também por outros atores regionais no Médio Oriente.

“Os terroristas venderam raparigas, queimaram pessoas vivas e cortaram gargantas de jovens. (…) Nunca imaginámos que tais atos selvagens e criminosos pudessem ser cometidos por potências mundiais, países ocidentais, como os Estados Unidos, ou pelo regime sionista”, denunciou Rouhani.

Na visão do líder iraniano, o grupo terrorista trouxe “malevolência, miséria, destruição, barbárie e massacre” aos países da região, e agradeceu os esforços das forças militares e políticas envolvidas no combate ao Daesh.

"A maior parte do trabalho foi realizado pelo povo e pelos exércitos da Síria, do Iraque e do Líbano. Nós ajudamos aoenas com base no nosso dever religioso islâmico", referiu Rouhani na mesma declaração.
Soleimani visita frentes de batalha
Desde o início do conflito na Síria que os Guardas da Revolução e os combatentes xiitas, incluindo o Hezbollah, apoiam as forças de Bashar al-Assad. "É claro que ainda haverá remanescentes da organização, mas a fundação e as raízes foram destruídas", refere o líder iraniano, citado pela agência Reuters.

Também esta terça-feira, o comandante Qasem Soleimani, responsável pela força Quds dos Guardas da Revolução - uma unidade especial responsável por operações externas que tem combatido na Síria, e que é considerada "apoiante de terrorismo" pelos Estados Unidos desde 2007 - anunciou o fim do Estado Islâmico numa mensagem enviada ao Líder Supremo do Irão, o aiatola Ali Khameni, que foi depois publicada no Sepah News, o site oficial dos Guardas Iranianos.

Soleimani reconheceu também o papel "decisivo" desempenhado pelo Hezbollah e pelos combatentes xiitas conhecidos como Forças de Mobilização Popular, que lutaram contra o EI no Iraque.

Ali Khameni congratulou o general pela "grande vitória" alcançada na luta contra o Estado Islâmico. Nas últimas semanas, a comunicação social iraniana publicou várias fotografias e vídeos de Qasem Soleimani durante visitas surpresa às frentes de combate no Iraque e na Síria.

Soleimani foi fotografado em Albukamal, a última grande cidade da Síria que pertencia ao grupo terrorista e que foi conquistada por forças governamentais e aliados no último fim de semana. Antes, na sexta-feira, o exército iraquiano tinha derrotado o Estado Islâmico em Rawa, o último bastião do grupo terrorista no país.

Desde a emergência do Estado Islâmico e da guerra civil na Síria, mais de mil membros da Guarda Revolucionária Iraniana foram mortos, incluindo altos comandantes. O Presidente iraniano deverá encontrar-se na próxima quinta-feira com Vladimir Putin e Tayyip Erdogan para discutir a nova fase do conflito na Síria.

Em outubro, Donald Trump autorizou a imposição de novas sanções económicas contra membros da Guarda Revolucionária pelos esforços de “destabilização” de opositores no Médio Oriente, uma medida que escapa aos termos do acordo sobre o programa nuclear iraniano, alcançado em 2015 entre Washington, Teerão e outras potências, e do qual o Presidente norte-americano pretende sair.

É ainda de salientar que o vaticínio de Rouhani sobre o Estado Islâmico surge 24 horas depois de Telavive ter reconhecido, pela voz do ministro israelita da Energia, encontros secretos com Riade e com outros países muçulmanos no sentido de controlar o inimigo comum.

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