Presidente do Parlamento timorense denuncia ataque da oposição

por Lusa

Díli, 11 dez (Lusa) - O presidente do Parlamento timorense acusou hoje a oposição maioritária de recorrer a "inverdades e fabricações" e usar "argumentos infantis e desonestos" que atingem a sua "integridade moral, honra e reputação", apenas para forçar a queda do Governo.

"Durante os três meses do exercício das funções como presidente do Parlamento Nacional enfrentei uma oposição que não conheceu limites no uso abusivo da sua maioria, não olhando a meios no objetivo político de provocar a queda do Governo o mais depressa possível, sem se importar com os custos que isso acarretará para o país", denunciou Aniceto Guterres Lopes, em conferência de imprensa.

"Opõe-se cegamente a tudo. Dizem que está certo o que está errado, dizem que está errado o que todos veem que está certo. Onde não há violação do regimento veem uma violação e quando há uma violação dizem que não há. Veem tudo conforme o seu interesse", sublinhou.

Aniceto Guterres Lopes falava aos jornalistas no Parlamento Nacional, nas primeiras declarações públicas depois de a oposição ter pedido a sua destituição por não ter agendado o debate sobre uma moção de censura ao Governo.

O presidente do Parlamento defendeu a decisão, afirmando que a suspensão das sessões plenárias era "prática normal desde a primeira legislatura", sempre que estava em tramitação o Orçamento do Estado (ou, como neste caso, o Orçamento Retificativo).

"Esta oposição maioritária tem apenas uma razão para pedir a minha destituição. Esta razão é a sua vontade de ver agendada urgentemente a moção de censura ao Governo. Veem-se na obrigação de arrolar acusações conta a minha pessoa, e nesse afã, incorrem em inverdades e fabricações", disse.

"As acusações que me dirigem, mais do que atingir gratuitamente a minha integridade moral, honra e reputação, mostram a sua maldosa intenção, que os leva a produzir razões infantis, argumentos desonestos e conclusões irrealistas, não baseadas em factos", afirmou.

É uma forma de atuar que "não dignifica a política, não dignifica o Estado e estraga a imagem do próprio Parlamento Nacional", sublinhou.

Na primeira resposta à "situação política em Timor-Leste e no Parlamento", o Aniceto Guterres Lopes acusou a oposição de "procurar por todas as vidas derrubar" o VII Governo e considerou que o pedido de destituição faz parte da "estratégia para derrubar" o executivo.

Os fundamentos da proposta de destituição mostram que o objetivo da oposição é "facilitar o derrube do Governo através do agendamento urgente da moção de censura" ao executivo, disse.

Aniceto Guterres Lopes insistiu que nunca violou as práticas parlamentares, o regimento ou a Constituição, sublinhando que o seu "pecado moral é o de pertencer a um partido que teve a coragem de aceitar o grande desafio de avançar com um Governo minoritário".

Guterres Lopes disse que continua a "velar pelos interesses" de Timor-Leste e que as suas decisões, incluindo de agendamento dos debates plenários, têm em consideração "os eventuais custos políticos, sociais e económicos para o país".

O presidente do Parlamento timorense considerou que não aprovar o Orçamento do Estado vai ter um "custo económico grande" para o país, que a população "ainda não sente, mas que começará a sentir daqui a duas ou três semanas".

"Se o orçamento for rejeitado o país atravessará uma crise. O Estado tem que funcionar, a vida do povo não pode ser sacrificada. Este recurso é mais uma forma de paralisar a instituição, de tentar travar o Governo. De tentar bloquear a ação do Governo", disse.

"O recurso não invoca a Constituição, apresenta apenas uma razão estranha, a de que não devia ser admitido porque faltam requisitos na explicação dos motivos. Isso é uma manipulação da informação. Tentam procurar uma razão para me atacar com essas falsas acusações que não têm até cabimento no regimento", considerou.

Tópicos
pub