Presidente timorense lutou pela independência inspirado no combate do pai contra ocupação japonesa

por Lusa

Díli, 25 abr (Lusa) - O Presidente timorense disse hoje que a bravura do pai no combate, ao lado de australianos em Timor-Leste na Segunda Guerra Mundial, foi um dos fatores que o motivou na luta pela independência do país.

"O meu pai esteve, desde a primeira hora, entre os que na Segunda Guerra Mundial deram o seu apoio corajoso à pequena força australiana e resistiram à ocupação japonesa, até ao fim da guerra", recordou Francisco Guterres Lu-Olo.

"Este sentido de serviço, sacrifício e bravura influenciou a minha vida na luta pela independência", disse, numa cerimónia em Díli para assinalar o dia de memória australiano e neozelandês, conhecido como Anzac Day.

Lu-Olo, que passou praticamente todo o período de 24 anos de ocupação indonésia de Timor-Leste a combater, no mato, no braço armado da resistência timorense, aproveitou o evento de hoje em Díli para homenagear os que tombaram.

"Curvo-me perante a grandeza do combate que travámos juntos pelo direito à vida, à paz e à dignidade. Curvo-me perante a memória dos milhares e milhares de irmãos e irmãs que morreram na Segunda Guerra Mundial e perante o sacrifício dos timorenses todos que mais tarde combateram nesta terra sagrada, até à vitória final da liberdade", afirmou.

"Valores civilizacionais - respeito pela liberdade, igualdade e a dignidade das pessoas - estiveram, depois, no centro de uma página de ouro nas relações mútuas de amizade que os nossos povos escreveram, em 1999, quando australianos e neozelandeses aceitaram ser o núcleo central da INTERFET, ajudando a salvar vidas em Timor-Leste", lembrou.

Comemorado inicialmente para homenagear os membros do Australian and New Zealand Army Corps (ANZAC) que lutaram em Gallipoli na Primeira Guerra Mundial, o Anzac Day (25 de abril) é atualmente um dia de memória de todos os que "serviram e morreram em guerras, conflitos e operações de paz".

"O Dia ANZAC não celebra a guerra. Celebra o sacrifício ao serviço de valores de que milhares de homens e mulheres deram provas", disse.

"Os laços da nossa história comum e os valores que os nossos povos partilham são hoje um pilar das relações de amizade sólidas existentes entre os nossos três países, como são há muito a fundação dos fortes laços familiares e de amizade que ligam os nossos povos", referiu.

Lu-Olo, que no ano passado liderou uma delegação de veteranos timorenses que participou nas comemorações na Austrália, assistiu às cerimónias oficiais da Austrália e da Nova Zelândia, que decorreram na praia do Cristo Rei, em Díli.

Em "solidariedade e homenagem" com os que tombaram "ao serviço dos seus países" e "sacrificados em defesa de valores", Lu-Olo disse que é importante transmitir esse legado de "sacrifício e de serviço" para assim construir "uma ordem internacional mais pacífica e estável, num mundo mais próspero, para todos".

Recordando o combate conjunto dos timorenses e australianos em Timor-Leste na Segunda Guerra Mundial e perante a invasão japonesa, o chefe de Estado disse que esse esforço comum "levou veteranos australianos a afirmarem ter uma `dívida de honra` para com o povo timorense".

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