Eleições em Israel deixam Netanyahu e Gantz empatados

por Carlos Santos Neves - RTP
Quando estavam contados mais de 92 por cento dos boletins de voto, as duas formações políticas rivais recolhiam, cada uma, 32 dos 120 assentos no Parlamento do Estado hebraico Ammar Awad - Reuters

Chamados a decidir nas urnas, na terça-feira, a próxima composição do Knesset, os eleitores de Israel desenharam um Parlamento em situação de empate técnico. É o que indicam os números do apuramento conhecidos ao início desta manhã. Nem o Likud, do atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, nem o centrista Azul e Branco, de Benny Gantz, conseguem resultados suficientes para formar governo.

Quando estavam apurados mais de 92 por cento dos boletins de voto, segundo os órgãos de comunicação social israelitas, as duas formações políticas rivais do Estado hebraico obtinham, cada uma, 32 dos 120 assentos no Parlamento. Apresentavam-se assim sem capacidade numérica para, com os respetivos aliados, garantirem a fasquia de 61 assentos parlamentares que lhes daria uma maioria governativa.Desenha-se no horizonte próximo um prolongado e complexo período de negociações político-partidárias em Israel.


A Comissão Eleitoral divulgou resultados fragmentados. Têm sido os media a avançar com dados mais completos.

Perante o quadro de empate técnico, que começou a ganhar forma com a divulgação das sondagens à boca das urnas, Benjamin Netanyahu apelou nas últimas horas à formação de um “forte Governo sionista”. Sem abrir portas a quaisquer correntes políticas árabes.

“Vamos negociar com o maior número possível de parceiros para evitar a formação de um perigoso governo antissionista”, clamou o primeiro-ministro, figura conotada com os chamados falcões da direita israelita que, em 2019, ultrapassou David Ben-Gurion, fundador do Estado de Israel, como protagonista da mais prolongada liderança do poder executivo.

“Não haverá e não pode haver um governo baseado em partidos antissionistas árabes, que negam a própria existência de Israel como um Estado judeu e democrático”, continuou o líder do Likud.

Também Benny Gantz – ao mesmo tempo liberal em matérias sociais e falcão no domínio da segurança - saiu a terreiro para prometer “agir” tendo em vista “um governo de unidade que expresse a vontade do povo”.

“Vamos dar início às negociações e falarei com todos. Esta noite começa o trabalho de reparação da sociedade israelita”, afirmou, perante apoiantes em Telavive, o antigo chefe do Estado-Maior do Exército, rosto da formação centrista Kahol Lavan, ou Azul e Branco, que fez do combate à corrupção e ao extremismo a sua mensagem de campanha.
“A era de Netanyahu acabou”

A denominada Lista Unida de formações árabes alcança 12 assentos no Knesset, onde poderá selar o estatuto de terceira força política. Segue-se o Israel Beiteinou, de Avigdor Lieberman, com nove lugares. O ex-ministro aventava, na terça-feira, o desejo de uma coligação com o Likud e o Azul e Branco, procurando assim posicionar-se como peça potencialmente decisiva no xadrez que se avizinha.

Uma vez publicados os resultados oficiais, caberá ao Presidente israelita, Reuven Rivlin, auscultar os deputados eleitos sobre o nome do primeiro-ministro. Os partidos árabes já vieram sinalizar que se oporão à indicação de Netanyahu. Por outro lado, não aclararam se estão dispostos a apoiar Gantz.

“A era de Netanyahu acabou”, sustentou durante a noite Ahmed Tibi, uma das vozes da Lista Unida.

“Se Benny Gantz nos contactar, iremos comunicar-lhe as nossas condições, depois de consultados os partidos da Lista Unida. Talvez ele não o queira fazer e prefira formar um governo de união nacional”, admitiu.

Para Benjamin Netanyahu, importaria que o desfecho deste novo ato eleitoral acontecesse antes do início de outubro. É no dia 3 do próximo mês que o ainda primeiro-ministro comparece perante a justiça para responder em processos relativos a suspeitas de corrupção, abuso de confiança e desvio de verbas.

c/ agências
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