Chamados a decidir nas urnas, na terça-feira, a próxima composição do Knesset, os eleitores de Israel desenharam um Parlamento em situação de empate técnico. É o que indicam os números do apuramento conhecidos ao início desta manhã. Nem o Likud, do atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, nem o centrista Azul e Branco, de Benny Gantz, conseguem resultados suficientes para formar governo.
A Comissão Eleitoral divulgou resultados fragmentados. Têm sido os media a avançar com dados mais completos.
Perante o quadro de empate técnico, que começou a ganhar forma com a divulgação das sondagens à boca das urnas, Benjamin Netanyahu apelou nas últimas horas à formação de um “forte Governo sionista”. Sem abrir portas a quaisquer correntes políticas árabes.
“Vamos negociar com o maior número possível de parceiros para evitar a formação de um perigoso governo antissionista”, clamou o primeiro-ministro, figura conotada com os chamados falcões da direita israelita que, em 2019, ultrapassou David Ben-Gurion, fundador do Estado de Israel, como protagonista da mais prolongada liderança do poder executivo.
“Não haverá e não pode haver um governo baseado em partidos antissionistas árabes, que negam a própria existência de Israel como um Estado judeu e democrático”, continuou o líder do Likud.
Também Benny Gantz – ao mesmo tempo liberal em matérias sociais e falcão no domínio da segurança - saiu a terreiro para prometer “agir” tendo em vista “um governo de unidade que expresse a vontade do povo”.
“Vamos dar início às negociações e falarei com todos. Esta noite começa o trabalho de reparação da sociedade israelita”, afirmou, perante apoiantes em Telavive, o antigo chefe do Estado-Maior do Exército, rosto da formação centrista Kahol Lavan, ou Azul e Branco, que fez do combate à corrupção e ao extremismo a sua mensagem de campanha.
“A era de Netanyahu acabou”
A denominada Lista Unida de formações árabes alcança 12 assentos no Knesset, onde poderá selar o estatuto de terceira força política. Segue-se o Israel Beiteinou, de Avigdor Lieberman, com nove lugares. O ex-ministro aventava, na terça-feira, o desejo de uma coligação com o Likud e o Azul e Branco, procurando assim posicionar-se como peça potencialmente decisiva no xadrez que se avizinha.
Uma vez publicados os resultados oficiais, caberá ao Presidente israelita, Reuven Rivlin, auscultar os deputados eleitos sobre o nome do primeiro-ministro. Os partidos árabes já vieram sinalizar que se oporão à indicação de Netanyahu. Por outro lado, não aclararam se estão dispostos a apoiar Gantz.
“A era de Netanyahu acabou”, sustentou durante a noite Ahmed Tibi, uma das vozes da Lista Unida.
“Se Benny Gantz nos contactar, iremos comunicar-lhe as nossas condições, depois de consultados os partidos da Lista Unida. Talvez ele não o queira fazer e prefira formar um governo de união nacional”, admitiu.
Para Benjamin Netanyahu, importaria que o desfecho deste novo ato eleitoral acontecesse antes do início de outubro. É no dia 3 do próximo mês que o ainda primeiro-ministro comparece perante a justiça para responder em processos relativos a suspeitas de corrupção, abuso de confiança e desvio de verbas.
c/ agências
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