Principais marcadores mostram agravamento do estado do clima

por Raquel Morão Lopes

Reuters

As concentrações de gases com efeito de estufa, o aumento do nível do mar, a temperatura e a acidificação dos oceanos atingiram novos recordes no ano passado, segundo refere a Organização Meteorológica Mundial no relatório "Estado do Clima Global em 2021".

A OMM refere que a atividade humana está a provocar mudanças à escala planetária: na terra, no oceano e na atmosfera, com ramificações prejudiciais e duradouras para os ecossistemas.

“O nosso clima está a mudar diante de nossos olhos”, disse o chefe da OMM, Petteri Taalas, sublinhando: "O calor retido pelos gases com efeito de estufa produzidos pelo homem aquecerá o planeta por muitas gerações”.

“O aumento do nível do mar, o calor e a acidificação dos oceanos continuarão por centenas de anos. A menos que sejam inventadas maneiras de remover o carbono da atmosfera", acrescentou.

Os quatro indicadores-chave da mudança climática "constroem uma imagem coerente de um mundo em aquecimento que afeta todas as partes do planeta", diz o relatório da OMM

As concentrações de gases com efeito estufa atingiram uma nova alta global em 2020, quando a concentração de dióxido de carbono atingiu 413,2 partes por milhão em todo o mundo, ou 149% dos níveis pré-industriais.

Os dados indicam que estes gases continuaram a aumentar em 2021 e no início de 2022, com a concentração média mensal de CO2 em Mona Loa, no Havai, atingindo 416,45 ppm em abril de 2020, 419,05 ppm em abril de 2021 e 420,23 ppm em abril de 2022, de acordo com o relatório.

O nível médio global do mar também atingiu um novo recorde em 2021, depois de subir uma média de 4,5 milímetros por ano de 2013 a 2021, informa o documento.

O aumento médio entre 1993 e 2002 tinha sido de 2,1 mm por ano, sendo o aumento entre os dois períodos "principalmente devido à perda acelerada de massa de gelo das calotas polares", acrescenta.

A temperatura do oceano também atingiu um recorde no ano passado, superando o valor de 2020, de acordo com o relatório. Espera-se que os primeiros 2.000 metros de profundidade do oceano continuem a aquecer no futuro - "uma mudança irreversível em escalas de tempo de séculos a milénios" - segundo a OMM, que sublinha que o calor penetrou cada vez mais fundo.

O oceano absorve cerca de 23% das emissões anuais de CO2 produzidas pelo homem na atmosfera. Embora retarde o aumento das concentrações atmosféricas de CO2, este último reage com a água do mar e leva à acidificação dos oceanos.

Enquanto isso, o relatório aponta que o buraco na camada de ozono da Antártida é "invulgarmente profundo e extenso" com 24,8 milhões de quilómetros quadrados em 2021, impulsionado por um vórtice polar forte e estável.

(Com Lusa)
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