O príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, tentou persuadir o primeiro-ministro de Israel a iniciar, na Faixa de Gaza, um conflito com o movimento radical palestiniano Hamas. O objetivo terá sido desviar as atenções do caso do assassínio do jornalista Jamal Khashoggi, que bin Salman tem sido acusado de orquestrar.
As medidas terão sido criadas por uma força de emergência composta por funcionários da família real, pelos ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros e pelo serviço de inteligência da Arábia Saudita.
A força especial que, de acordo com a Middle East Eye, informa o príncipe herdeiro a cada seis horas, terá aconselhado bin Salman a iniciar um conflito em Gaza para distrair o Presidente Donald Trump da morte de Khashoggi e fazer com que a sua atenção se volte a focar na união estratégica entre Estados Unidos e Arábia Saudita.
Devido à hostilidade da Arábia Saudita e de Israel para com o Irão, muitos consideram que os dois países possuem laços próximos. Este mês, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, declarou ser “muito importante para a estabilidade da região e para todo o mundo que a Arábia Saudita se mantenha estável”.
A 14 de outubro, Netanyahu afirmou que Israel estava “muito perto de iniciar um tipo de atividade diferente, uma atividade que incluirá golpes muito poderosos (...) Se tiver bom senso, o Hamas irá parar de disparar e acabar com os violentos distúrbios que tem provocado”, acrescentou.
Compra de armas turcas
O príncipe herdeiro saudita terá também sido aconselhado pela alegada força especial a reforçar as relações entre Riade e Ancara e a subornar o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, com a compra de armas ao país.
Em outubro, o membro da coroa saudita afirmou que a morte de Khashoggi estava a ser utilizada para prejudicar a relação entre a Arábia Saudita e a Turquia. “Tal não vai acontecer enquanto existir um rei chamado Salman bin Abdelaziz e um príncipe herdeiro chamado Mohammed bin Salman”, garantiu.
Jamal Khashoggi, jornalista que residia nos Estados Unidos, era um forte crítico da família real do país de origem. No dia 2 de outubro entrou no consulado saudita em Istambul para recolher documentos necessários ao seu futuro casamento e nunca mais foi visto.
A Arábia Saudita já confessou que o jornalista morreu no edifício, mas nega que o príncipe tivesse qualquer conhecimento acerca do sucedido. A Turquia acredita que Khashoggi foi estrangulado e desmembrado por 15 homens contratados, entre os quais se encontram indivíduos com ligações à família real.
Nas gravações de áudio da morte do jornalista, recentemente partilhadas pela Turquia com vários países, um dos assassinos terá feito referência a um “chefe” que teria orquestrado o homicídio e que está a ser associado a Mohammed bin Salman.