Príncipe saudita tentou persuadir Netanyahu a começar guerra em Gaza

por Joana Raposo Santos - RTP
Bandar Algaloud - Handout/Reuters

O príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, tentou persuadir o primeiro-ministro de Israel a iniciar, na Faixa de Gaza, um conflito com o movimento radical palestiniano Hamas. O objetivo terá sido desviar as atenções do caso do assassínio do jornalista Jamal Khashoggi, que bin Salman tem sido acusado de orquestrar.

De acordo com a agência noticiosa Middle East Eye, fontes sauditas declararam que uma guerra em Gaza estaria na lista de medidas propostas para lidar com as informações que têm vindo a público acerca da morte de Khashoggi e que comprometem o príncipe herdeiro.

As medidas terão sido criadas por uma força de emergência composta por funcionários da família real, pelos ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros e pelo serviço de inteligência da Arábia Saudita.

A força especial que, de acordo com a Middle East Eye, informa o príncipe herdeiro a cada seis horas, terá aconselhado bin Salman a iniciar um conflito em Gaza para distrair o Presidente Donald Trump da morte de Khashoggi e fazer com que a sua atenção se volte a focar na união estratégica entre Estados Unidos e Arábia Saudita.

Devido à hostilidade da Arábia Saudita e de Israel para com o Irão, muitos consideram que os dois países possuem laços próximos. Este mês, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, declarou ser “muito importante para a estabilidade da região e para todo o mundo que a Arábia Saudita se mantenha estável”.

A 14 de outubro, Netanyahu afirmou que Israel estava “muito perto de iniciar um tipo de atividade diferente, uma atividade que incluirá golpes muito poderosos  (...) Se tiver bom senso, o Hamas irá parar de disparar e acabar com os violentos distúrbios que tem provocado”, acrescentou.
Compra de armas turcas
O príncipe herdeiro saudita terá também sido aconselhado pela alegada força especial a reforçar as relações entre Riade e Ancara e a subornar o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, com a compra de armas ao país.

Em outubro, o membro da coroa saudita afirmou que a morte de Khashoggi estava a ser utilizada para prejudicar a relação entre a Arábia Saudita e a Turquia. “Tal não vai acontecer enquanto existir um rei chamado Salman bin Abdelaziz e um príncipe herdeiro chamado Mohammed bin Salman”, garantiu.

Jamal Khashoggi, jornalista que residia nos Estados Unidos, era um forte crítico da família real do país de origem. No dia 2 de outubro entrou no consulado saudita em Istambul para recolher documentos necessários ao seu futuro casamento e nunca mais foi visto.

A Arábia Saudita já confessou que o jornalista morreu no edifício, mas nega que o príncipe tivesse qualquer conhecimento acerca do sucedido. A Turquia acredita que Khashoggi foi estrangulado e desmembrado por 15 homens contratados, entre os quais se encontram indivíduos com ligações à família real.

Nas gravações de áudio da morte do jornalista, recentemente partilhadas pela Turquia com vários países, um dos assassinos terá feito referência a um “chefe” que teria orquestrado o homicídio e que está a ser associado a Mohammed bin Salman.
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