Os procuradores encarregues da investigação às alegações de violação contra o fundador do WikiLeaks determinaram esta sexta-feira o arquivamento do processo. É o fim de uma batalha legal de sete anos para Julian Assange, confinado desde 2012 às instalações da embaixada do Equador em Londres. A polícia britânica continua a dizer-se, no entanto, “obrigada” a detê-lo.
Assange, de 45 anos, negou sempre as acusações de violação que começaram a ser-lhe dirigidas em 2010 por uma cidadã sueca à data com 30 anos de idade, alegando que manteve relações sexuais consentidas.
Em novembro de 2016, o jornalista australiano foi ouvido na capital britânica por um procurador equatoriano, na presença de magistrados da Suécia. Voltava então a dizer-se inocente.
A Procuradoria sueca veio esta sexta-feira confirmar, em comunicado, o abandono das investigações contra Julian Assange: “A procuradora Marianne Ny decidiu descontinuar o inquérito por presumível violação”.
“Manobra”
Assange sustenta que o processo que o visou na Suécia constituiu uma manobra destinada à sua extradição para os Estados Unidos, onde poderia ver-se envolvido nas malhas da justiça norte-americana pela publicação de documentos militares e diplomáticos com o carimbo de confidencialidade.
Já em abril deste ano, a Administração Trump saía a público para classificar a detenção do ativista como uma “prioridade”. Estará mesmo em marcha a produção de um dossier de acusação contra Julian Assange, de acordo a comunicação social norte-americana.
A agência sueca TT divulgou parte do despacho de arquivamento da Procuradoria, segundo o qual a decisão é justificada com a duração do processo e não à luz de novos factos: “Todas as possibilidades para fazer avançar o inquérito foram esgotadas”.
“Não parece mais proporcional manter o pedido de detenção preventiva de Julian Assange nem o mandado de detenção europeu”, escreveu a procuradora titular do processo.
Polícia “obrigada” a deter Assange
Per Samuelsson, advogado de Julian Assange, veio entretanto reclamar “uma vitória total”. “Ele é livre de deixar a embaixada quando quiser”, afirmou, para acrescentar que Assange “está naturalmente feliz e aliviado”, embora “critique o facto” de o processo “ter durado tanto tempo”.
O próprio Assange publicou uma fotografia sua na rede social Twitter, a sorrir, após a notícia da decisão sueca.
— Julian Assange (@JulianAssange) 19 de maio de 2017
A polícia britânica tem um entendimento diferente, declarando-se “obrigada” a deter Assange se este sair da embaixada do Equador, isto por causa de um “delito bem menor”.
“Agora que as autoridades suecas abandonaram o seu inquérito, o senhor Assange continua a ser procurado por um delito bem menos sério. A polícia londrina fornecerá meios proporcionados a este delito”, adiantaram as autoridades do Reino Unido, numa aparente alusão ao facto de o fundador do WikiLeaks ter violado em 2012 as condições da sua liberdade sob caução.
c/ agências internacionais
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